segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Massacre de Ipatinga (1963) - O livro

Livro traz informações novas sobre o Massacre de Ipatinga

Quantas pessoas morreram no Massacre de Ipatinga, o conflito entre metalúrgicos da Usiminas e soldados da Polícia Militar de Minas ocorrido em 7 de outubro de 1963, no Vale do Aço? Oficialmente, oito. Porém, uma nova dúvida sobre os números oficiais foi lançada pelo jornalista Marcelo Freitas no livro “Não foi por acaso”. O autor localizou em Belo Horizonte e Itapetinga, no interior da Bahia, parentes de pessoas que desapareceram naquele dia e de quem até hoje procuram informações sobre o que teria ocorrido com elas.

O livro será lançado em Viçosa, no próximo dia 27 e traz também o relato do motorista da Usiminas que, no dia 8 de outubro de 1963, buscou, na funerária da Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte, 32 caixões, que foram deixados no almoxarifado da empresa. Durante o lançamento, o autor fará palestra sobre o tema “Os desafios da reportagem histórica”. Na ocasião, ele irá pedir que a Usiminas abra seus arquivos históricos sobre o tema para livre consulta por parte de pesquisadores acadêmicos e jornalistas. Pedirá também que as instituições públicas que atuam na área de direitos humanos façam novas investigações sobre o caso.

Com base nos relatos contidos no livro, dois vereadores de município do Vale do Aço, Marcos da Luz, de Coronel Fabriciano; e Agnaldo Bicalho, de Ipatinga, ambos do PT, enviaram à Usiminas requerimentos para que seus arquivos sobre o caso passem a ser de livre acesso a pesquisadores. O Massacre de Ipatinga também será tema de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas, no próximo dia 28. A expectativa é de que nesse dia a empresa apresente um posicionamento oficial sobre o assunto.

“Não foi por acaso” é uma das mais extensas pesquisas já realizadas sobre o assunto. Em sua investigação, o autor foi atrás de pessoas que testemunharam aquele acontecimento, localizou parentes das pessoas que morreram, pesquisou documentos oficiais da empresa e da polícia e vasculhou arquivos de jornais e cartórios de registros de óbitos da região do Vale do Aço.

A investigação foi conduzida em quatro etapas. A primeira foi em 1988, quando Marcelo Freitas era repórter do Jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte. A segunda etapa foi em 2003, quando o autor era repórter do jornal “Estado de Minas”. Em 2004 e 2005, Marcelo Freitas trabalhou o tema no mestrado em Ciências Sociais da PUC Minas, em pesquisa financiada pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Governo Federal.

Em 2006 e 2007, o autor concentrou sua atenção na busca de informações sobre a polêmica em torno do número de mortos. Para isso, nessa última etapa, entrevistou médicos e enfermeiros de hospitais da região do Vale do Aço em 1963, até localizar os parentes dos dois trabalhadores que estão desaparecidos até hoje.

Marcelo Freitas é jornalista profissional. Trabalhou nos jornais “Diário do Comércio”, “Hoje em Dia”, “O Tempo” e “Estado de Minas”, todos de Belo Horizonte. Atualmente, é professor do curso de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, onde também coordena o Laboratório de Jornalismo Impresso.

Lançamento

O lançamento do livro “Não foi por acaso”, no próximo dia 27, faz parte da VIII Semana Acadêmica de Comunicação, promovida pelo curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. Neste dia, às 16h, Marcelo Freitas dará oficina sobre Jornalismo Investigativo. Às 18h, no auditório da Biblioteca Central, o autor fará palestra sobre o tema “os desafios da investigação histórica”, quando descreverá o passo a passo de sua investigação sobre o Massacre de Ipatinga. Em seguida, autografará o livro para os presentes.

Mais informações:
Comunicação de Fato Editora
Jornalista responsável: Cássia Miranda (31) 8778-2994

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