quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Agricultura familiar do país ocupa 24% da área cultivada, mas produz muito mais

Estado de Minas. Belo Horizonte, 5 de outubro de 2009. Agropecuário.

Agricultura Familiar

Espaço não é problema

Setor ocupa 24% da área cultivada, mas produz muito mais

O Censo Agropecuário 2006, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) retrata pela primeira vez a agricultura familiar do país. Foram identificados 4,36 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar, que representam 84,4% do total, (5,17 milhões), mas ocupam apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) da área produtiva nacional. Mesmo cultivando uma área bem menor que a da agricultura empresarial, a familiar responde por 38% do valor total da produção (ou R$ 54,4 bilhões) e é responsável alimentar do país, gerando os produtos da cesta básica consumidos pelos brasileiros.

“Os números mostram a força da agricultura familiar no país, e como ela contribui com a produção agrícola brasileira e também com a economia, gerando cada vez mais emprego e renda”, afirma José Silva Soares, presidente da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer).

Os dados do IBGE apontam que, em 2006, a agricultura familiar foi responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café , 34% do arroz, 58% do leite , 59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a soja, 16% (veja no quadro a produção mineira).

Outro resultado positivo apontado pelo Censo 2006 é o número de pessoas ocupadas na agricultura: 12,3 milhões de trabalhadores no campo estão em estabelecimentos da agricultura familiar (74,4% do total de ocupados no campo). Ou seja, de cada 10 ocupados no campo, sete estão na agricultura familiar, que emprega 15,3 pessoas por 100 hectares.

Os critérios que definem o que é agricultura familiar foram estabelecidos pela Lei 11.326/06, determinando que quatro módulos fiscais é o limite máximo para um empreendimento familiar e que a mão de obra deve ser predominantemente da própria família e a renda deve ser originada nas atividades da propriedade.

Em Varginha, Sul de Minas, a família Reguim vive há 47 anos do plantio do café. Osmar Reguim, de 73 anos, começou comprando uma pequena propriedade rural e ao longo dos anos foi comprando outras terras que hoje somam 140 hectares. Ele, a mulher, Ronice, e os cinco filhos, moram e trabalham juntos no sítio Ponta da Cava, no Bairro da Vargem. As terras foram divididas em partes iguais para os filhos, mas todos cuidam juntos do processo de cultivo, colheita e venda do grão, que representa a principal renda da família. “Hoje está difícil conseguir preços bons para as sacas. Com isso, estamos buscando outras opções, como a de engordar alguns bezerros para vendermos”, disse.

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