sábado, 7 de março de 2009

Causos, Cordas e Cordéis

Tadeu Martins lança cd "Causos, Cordas e Cordéis" em Belo Horizonte



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Causos, Cordas e Cordéis é leitura das mais engraçadas

Viviane Moreno
Repórter

Como as histórias contadas por Tadeu Martins chamam muito a atenção, seria interessante poder acompanhá-las no encarte do CD “Causos, Cordas e Cordéis”. O contador de histórias diz que esse era o projeto inicial, “mas o custo ficava muito alto”. A boa notícia é que alguns textos gravados no álbum estarão no terceiro volume do livro “Jequitinhonha Antologia Poética”, que será lançado ainda este ano, reunindo cinco poetas do Vale do Jequitinhonha: Tadeu Martins, Gonzaga Medeiros, Wesley Pioest, Cláudio Bento e Celso Freire. Os dois últimos substituem José Machado e Jansen Chaves, já falecidos, que integravam os dois primeiros volumes, de 1983 e 1985.
Alguns desses causos já são velhos conhecidos, como “Israel X Jordânia”, escrito em 1972. “É o carro-chefe de minha obra, que me projetou como escritor e cordelista. Foi publicado em quase todos os grandes jornais do Brasil e, para minha surpresa, nos Estados Unidos, em Israel e na Cisjordânia. Quem me contou foi um colega de Teófilo Otoni, que era de Jordânia, no Vale”. O prefeito da pequena Jordânia teria preparado a cidade para receber o exército do governador recém-eleito Israel Pinheiro, seu candidato preterido durante as eleições, depois de ouvir no rádio que o “exército de Israel foi para a Jordânia pronto para invadir”.. Foi o padre da cidade que explicou que a manchete não tinha nada a ver com a política local. “Olhando pro vigário / disse o prefeito aliviado / se dotô Israel viesse mesmo / ele ia voltar desmoralizado / nós arrasava o exército dele / eu , dez jagunços, um cabo / e três soldado”, encerra.
Outro causo antigo, de 1975, é “O Anti-Cristo de Pirapora”, que também já foi publicado em vários jornais brasileiros e internacionais. “Da última safra tem um cordel que falo da viola brasileira, do significado de cada corda: amor, coragem, saudade, gratidão, vou nomeando as cordas. Muita gente manda e-mail pedindo cópia desse texto. No final da apresentação, é normal as pessoas se aproximarem pedindo cópia, isso é gratificante”. “As 10 Cordas da Viola” é de 2007. Mais recente, de 2008, é “O Som do Carrão”, uma brincadeira sobre a substituição da seresta pelos carros de som, “dos agroboys, que gastam mais dinheiro no som que no carro”. A letra dispara: “Um tico, um teco, uma ervilha, sem inteligência na trilha, é a cabeça do cidadão que põe som possante no carro pra zoar, tirar um sarro, azucrinar a população, é carro de som do pavor, tem muitos cavalos no motor, mas tem um burro na direção. A música que ele gosta, pode fazer qualquer aposta, é sertanojo e breganojão, é som de agradar as muié: pocotó, créu, axé, bate-estaca e bondinho do tigrão, é um carro preparado com amor, tem muitos cavalos no motor, mas tem um burro na direção”. E por aí vai.
Em outra faixa, o mote é “trabalhar que é bom ninguém gosta e juízo que é bom ninguém tem”. “Brinco muito com o mundo moderno, falo das pessoas que querem vencer na vida sem esforço, deixando de lado a ética e valores importantes, que querem se dar bem de qualquer jeito, fácil”.

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