quinta-feira, 2 de julho de 2009

História do cd e de Rodica Blues

“Do Mississipi ao São Francisco”

A cantora norte-americana Rodica lança seu primeiro CD na noite de autógrafos no "Cozinha de Minas"

(04 de julho, sábado, das 20h às 22h) e em show no Projeto “Domingo no Museu” - MAP (05 de julho às 11h)

O título do disco remete ao “encontro” entre dois países, representado por dois rios de muito significado: O Rio Mississipi e o Rio São Francisco. Ambos são rios que atravessam território nacional e representam, de certa forma, a identidade coletiva de um povo. O Rio Mississipi remete à origem do Blues. Trago para o CD - o blues de raiz, o blues que originou das canções de trabalho, cantadas pelos escravos nas plantações de algodão no sul dos Estados Unidos. A intenção é valorizar a relevância destes precursores que contribuíram para criar o gênero blues e que tem uma ligação direta com a África. E tento mostrar também que o som, a linha melódica do blues remete às canções mais antigas do povo afro-brasileiro: o congado, principalmente. Assim, nesta viagem que ultrapassa as fronteiras culturais, chegamos ao São Francisco. (Rodica Blues)

O primeiro disco da artista norte-americana, radicada no Brasil há 11 anos, traz canções de Rodica e parceiros, além de canções tradicionais afro-americanas chamadas de “spirituals”, a expressão mais originária do blues. Com concepção e direção artística de Rodica Blues e Sérgio Pererê e direção musical e arranjos de Rogério Delayon, o álbum conta com participações especiais do gaitista e cantor paulista Vasco Faé, do cantor e percussionista Sérgio Pererê (MG) e da cantora Titane (MG).

Rodica Blues

Originalmente de Boston, Estados Unidos, Rodica é uma estudiosa da música popular norte-americana e tem se destacado no cenário musical não apenas por sua pesquisa na área cultural, mas também por sua originalidade como intérprete e por sua voz inconfundível. Radicada no Brasil há onze anos, Rodica vem desenvolvendo uma pesquisa sobre a música popular norte-americana e estudando gêneros musicais como o jazz e o blues. A partir desse trabalho de pesquisa, formou a Rodica Blues Band e a Banda Jungle Jazz, formações que tem envolvido diretamente músicos como Néstor Lombida Hunt, Esdra “Neném” Ferreira, Augusto Rennó, Ivan Corrêa, Leandro Ferrari, Fabinho Gonçalves e Rogério Delayon. Com esses músicos, Rodica tem se apresentado regularmente em prestigiadas casas de shows e teatros de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais e tem participado de importantes eventos e festivais do gênero em todo estado e fora dele. Vale destacar a participação da cantora nos seguintes festivais: Festival de Jazz de Governador Valdares (2005), Festival de Blues de Ibitipoca (2006), Festival de Blues e Jazz de Campos, RJ (2007), Festival de Blues e Jazz de Rio das Ostras (2006, ‘07, ‘08) e Festival “Tudo é Jazz” de Ouro Preto em 2008. Nos últimos anos, entretanto, a intensificação de seus estudos sobre as interfaces entre a música negra norte-americana e a música brasileira tem promovido, naturalmente, uma mudança importante na carreira musical da artista. Há três anos, em parceria com o cantor e compositor Sérgio Pererê, Rodica vem desenvolvendo um novo trabalho de pesquisa que relaciona a música de matriz negra produzida no Brasil, em suas múltiplas manifestações, com as canções dos trabalhadores/as afro-americanos/as do início de século XX. Um dos frutos desta pesquisa é a criação do show “Rosário de Peixes: Um Encontro inusitado entre o blues de raiz e a música afro-brasileira”, que teve sua estréia no Palácio das Artes- Sala Juvenal Dias em junho de 2007. Foi também uma das atrações da 7° Edição do Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto – Tudo é Jazz 2008, quando teve a participação especial do violonista e compositor Gilvan de Oliveira. Agora, Rodica lança seu primeiro disco, o CD “Do Mississipi ao São Francisco”, que apresenta ao público mineiro, os resultados desta pesquisa desenvolvida há alguns anos.

O Disco - “Do Mississipi ao São Francisco”

Realizado com os benefícios da Lei de Estadual de Incentivo à Cultura – Minas Gerais, com o patrocínio da TIM e apoio da Elvira Matilde e gravado entre as Primaveras de 2007 e 2008, nos estúdios ‘Toca do Leão’, ‘Engenho’, ‘Gênesis’ e ‘Bemol’, o CD “Do Mississipi ao São Francisco” tem concepção e direção artística de Rodica Blues e Sérgio Pererê; produção, direção Musical e arranjos de Rogério Delayon; mixagem, de André Cabelo e Rogério Delayon; masterização de André Cabelo; projeto gráfico, de Murilo Godoy, fotografia de Elisa Cotta e Cecília Pederzoli e produção executiva, de Rodica Blues e Juliana Nogueira.

“A cultura negra é uma grande árvore, cujas raízes estão na África e as copas se estendem pelo mundo. Quando ouço o canto do blues, sinto muito mais do que a presença de notas musicais. É como se a voz negra no solo da América fosse capaz de reproduzir o espírito e a essência da África. A mesma força está nos cantos de trabalho, jongos, congados, sambas, candomblés, cantos afro-latinos e várias outras expressões. A voz que entoa o blues canaliza energias ancestrais, presentes no mundo inteiro. Este CD é resultado de um trabalho de pesquisa e criação coletiva, da qual tive a honra de participar em parceria com a cantora e compositora Rodica Blues. É uma pequena amostra da relação real entre as canções de trabalho, spirituals e as primeiras expressões do blues originárias do sul dos Estados Unidos e os cantos africanos e brasileiros. Mais ainda, é a confirmação de que nossas vozes são o que melhor representa nossas almas. A espiritualidade e o desejo de libertação estão presentes no cancioneiro daqui e de lá, traduzidos na linguagem universal da música.” (Sérgio Pererê)

No repertório: Death Letter (Son House), Queen Bee (Rupert Holmes/ Taj Mahal), Variante (Edvaldo Santana), Wade in a Water (Vinheta - Tradicional), Testimony (Ferron)/ Corre o Rio (Sérgio Pererê), Oração para Oxum (Tradicional/ Rodica Blues), Kothbiro (Ayub Ogada)/ Deep River (Tradicional), Seven Days (Rodica Blues), Niger Blues (Markú Ribas), Wade in a Water (tradicional), Swing Low, Sweet Chariot (tradicional), People Get Ready (Curtis Mayfield), Motherless Child (Rodica Blues) e Hard Working Blues (Vasco Faé) / Come on in my kitchen (Robert Johnson e John William Mark Renbourn).

Participam do disco, os músicos: Adriano Campagnani (baixo up right), André “Limão” Queiroz (bateria), Augusto Rennó (violão de aço), Esdra “Neném” Ferreira (bateria), Fábio Zarbato Longo (baixo acústico), Ivan Corrêa (baixo), Leandro Ferrari (gaita), Nestor Lombida Hunt (piano), Paulo Márcio (trompete), Rodica (voz, vocais), Rogério Delayon (violões de aço e nylon, cavaquinho, programações), Sérgio Pererê (percussões e voz/vocais), Serginho Silva (percussão), Titane (voz/vocais) e Vasco Faé (bateria, baixo, guitarra, dobro, gaita, voz, vocais).

"Rodica é uma cantora ousada e generosa. Além de ter muito bom gosto, ela acredita em suas idéias de verdade e é bastante original na escolha de suas parcerias. Enquanto cantora, ela tem uma voz limpa e maravilhosa, com uma textura um pouco mais grave e rouca, o que permite um som bastante original. Ela também possui uma característica única na voz: um vibrato diferente, mas que ela não usa à toa. Ou seja, sabe colocá-lo nos momentos certos. No meu ver, Rodica é uma cantora que merece ser muito aplaudida pelo público brasileiro e pelo mundo afora". (Vasco Fae, gaitista e cantor brasileiro/ SP)

"Rodica é única. Ela têm uma voz e originalidade sem igual. Sua expressividade, na hora de cantar, demonstra sua ligação direta com a cultura negra, o que encanta todo mundo. Sua música mexe no fundo da gente, nas origens.. É sempre muito bom estar no palco com a Rodica. Tocar com ela é maravilhoso!" (Esdra Neném Ferreira, baterista)

“Rodica é um ponto de convergência. Independente, comprometida, aventurou-se por diferentes mundos e sua voz poderosa filtrou o que havia de melhor em cada um dos lugares onde viveu. Sua música é sincera, não esconde sotaques e viaja a procura de elos perdidos.” (Titane, cantora)

“Algumas vezes, pude assistí-la e, em todas essas oportunidades, a impressão é cada vez melhor. Rodica tem um manancial de recursos que favorece a versatilidade empreendida em tantas partituras diferentes. Blues e jazz, prioritariamente, guarnecem sua bagagem”. (José Carlos Buzelin, crítico musical – BH/ Brasil)

Rodica Blues

por ela mesma

“Eu cresci na beira do mar, em Boston, EUA. Nascida sob o signo de peixes e filha de Oxum, sou um ser das águas e sempre acompanhei seu fluxo. Como as águas, encontro-me também em constante movimento.

Sempre me vejo atravessando pontes, contornando margens, mergulhando nas águas cristalinas e me perdendo nos redemoinhos.

Estou frequentemente revisitando lugares dos meus sonhos: lugares dos tantos povos que moram dentro de mim; lugares do passado, do presente e do futuro; lugares que encantam e que inspiraram tantos cantos e contos de nossos antepassados.

Aprendi que meu canto não tem limites. É maior que todos nós e nossas misteriosas linhagens. Ele pode ir desde o Rio Mississipi no extremo sul dos Estados Unidos até a beira do Rio São Francisco, em Minas Gerais, Brasil.

O canto que vai e volta, que dá voltas, que contorna os mares e as lagoas, as montanhas e os vales, é a mais forte expressão do espírito humano.

Cresci numa época de pós-movimento dos direitos civis norte americanos. O blues entrava pelos fundos de nossa casa e penetrava meus ouvidos. A mistura de blues e folk music foi a minha base musical na adolescência. As vozes das divas Ma Rainey, Bessie Smith, Billie Holliday, Nina Simone, Joan Baez e Joni Mitchell enchiam a minha casa quase todos os dias.

Educada num ambiente familiar que refletia as lutas sociais e políticas da época, cresci acreditando que a música é também uma forma de protesto e de manifestação político-social. Por essa razão fui atraída pelas canções de trabalho (“work songs”), spirituals e pelo blues que, ao mesmo tempo em que expressam tão fielmente a dor dos negros num país injusto, são sinais de resistência de um povo extremamente criativo que cavou seu espaço numa sociedade tão dividida.

Sempre fui fascinada pelo blues. Como as águas do Mississipi, o blues conseguiu se adaptar e interagir com outras influências culturais da época, fluindo na correnteza dos tempos. Sua força é inquestionável. Ele consegue entranhar na alma humana e conectar emoções como o desejo, o amor, as perdas, a tristeza com intensidade e verdade.

O blues, como tantas outras expressões musicais, é de origem africana. E as músicas de matriz africana resgatam em nós emoções, sentimentos e sensações que nos transportam para lugares diversos. Elas nos levam e nos trazem como bebês no colo da mãe, passageiros de um trem que passa por vales extensos ou de um barco levado pelas correntezas de um rio.

Neste CD vou ao encontro de dois rios: o Mississipi e o São Francisco.

Rios que não se encontram na realidade, mas que se encontram no meu imaginário.

Rios que, nos cantos dos escravos afroamericanos, representavam uma travessia ou passagem que poderia levá-los à libertação.

Rios que dão voltas e que sustentam vidas, que são forças impulsoras do prazer e da alegria e nunca se rendem à estagnação.”

Visite:
www.myspace..com/rodicablues
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Assessoria de imprensa:
Márcia Francisco (031) 91659778/ 33345956

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