terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Movimentos do Fórum agendam mobilizações

Movimentos do Fórum agendam mobilizações

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Michelle Amaral da Silva última modificação 02/02/2009 15:16

Apesar da falta de um documento final, “Assembléia das Assembléias” apresenta resoluções de 22 temas
02/02/2009

Renato Godoy de Toledo,
enviado a Belém (PA)

Cinco dias de debates, 133 mil participantes de 142 países, e cerca de 2600 atividades autogestionárias. Para que todos esses números não permanecessem apenas no campo do debate, os movimentos sociais apresentaram, no último dia do Fórum Social Mundial, (01), em Belém (PA), as resoluções dos encontros setoriais.

Ao todo, 22 assembléias temáticas foram realizadas no FSM. As resoluções finais, de certa forma, responderam às críticas de muitos participantes das nove edições do Fórum, entre elas, a falta de concretização do que é discutido no encontro.

Entre os debates setoriais, destacam-se o dos movimentos sociais, indígenas, pan-amazônia, trabalho e crise. No que tange ao momento econômico mundial, o Fórum deu um recado claro: os trabalhadores não podem ser onerados pela provável recessão. “Que os ricos paguem pela crise”, foi uma consigna presente em faixas e camisetas de diversas organizações.

Já a assembléia dos movimentos sociais, apresentou um programa mínimo que deve ir às ruas de todo o mundo deste ano. Nacionalização dos bancos sem indenização, fim da dependência financeira por meio das dívidas, redução da jornada de trabalho sem redução salarial e soberania alimentar. Essas devem ser as principais bandeiras de uma jornada internacional de luta dos movimentos sociais, que, no âmbito do FSM, foi programada para ocorrer entre 28 de março e 4 de abril.

Indígenas

Com sua maior participação em todas as edições do Fórum, os indígenas foram a marca registrada do encontro no Pará. Além das inúmeras apresentações de suas culturas, o encontro setorial dos povos indígenas foi marcado por reivindicações radicais. Entre elas, a imediata abolição de programas que destroem as nações indígenas, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), empreendido pelo governo brasileiro e a Iniciativa de Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana (irsa), planejado por governos do cone Sul.

Para além das demarcações das terras em que vivem hoje, o documento dos povos originários defende o restabelecimento das terras de seus ancestrais. Na apresentação da tese, durante o encerramento do Fórum, um representante quíchua proferiu para uma platéia de 500 pessoas: “A solução para o mundo é adotar a sabedoria de nossos ancestrais”.

Os indígenas também foram citados como exemplo de resistência nas resoluções finais de outros setores, como a assembléia das mulheres, que ressaltou a importância das mulheres indígenas e da floresta para a luta feminista.



Polêmica

A assembléia da Pan-Amazônia marcou posição contra os danos ambientais causados pelas mineradoras e, sobretudo, pela Vale. O documento também exigiu a demarcação das terras indígenas e o fim dos experimentos transgênicos. Outro ponto importante foi o combate às usinas hidrelétricas, “por desalojar os povos indígenas de sua região”. Esse ponto, aliás, foi motivo de uma polêmica e até de uma animosidade, ainda que efêmera. A Federação Nacional dos Urbanitários, filiada à CUT, defende a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Na Universidade Federal do Pará, a federação montou uma maquete de um projeto do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, que deve ser apresentado ao governo federal.

No dia 31 de janeiro, cerca de 50 pessoas de movimentos ambientalistas e do campo, cercaram o stand da FNU e gritavam palavras de ordem como: “Água e energia não são mercadoria”. Membros da FNU, preocupados com a integridade do projeto, cercaram a maquete.

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