sexta-feira, 30 de maio de 2008

Papel do ser na Filosofia

Papel do ser na Filosofia

A filosofia propõe a iluminar os caminhos de nossa alma que foram contaminados por convicções infundadas, desejos descontrolados, preferências e opções de vida questionáveis que não são dignas de nós. O principal antídoto a tudo isso é um auto-exame minucioso aplicado com bondade. Além de erradicar as doenças da alma, a vida de sabedoria também pretende despertar-nos de nossa apatia e introduzir-nos no caminho de uma vida ativa e alegre.

A verdadeira felicidade é um verbo. É o desempenho contínuo, dinâmico e permanente de atos de valor. A vida em expansão, cuja base é a intenção de buscar a virtude, é algo que improvisamos continuamente, que construímos a cada momento. Ao fazê-lo, nossa alma amadurece. Nossa vida tem utilidade para nós mesmos e para as pessoas que tocamos.

É na instauração da pergunta, enquanto se põe diante de uma realidade problemática, que o ser humano, na busca de resposta, percebe a dinâmica e o movimento dialético da realidade. Se não for possível perguntar, não será possível a reflexão e não há como construir conhecimento.

Aprendemos e ensinamos, trabalhamos, ouvimos música, vamos à praia e podemos construir nossas vidas com planos de sucesso e estabilidade financeira sem nos deixarmos envolver pelo discurso e pelos problemas filosóficos. Na verdade, os problemas filosóficos normalmente nos deixam incomodados, mal humorados, ansiosos. Isso porque, como normalmente ocorre, ao tentar resolvê-los, deparamo-nos com outros problemas que até então não havíamos considerado. A filosofia parece ser não apenas desnecessária para o bem viver; ela parece ser incompatível com a idéia de uma vida tranqüila. Somando-se a isso, devemos considerar o caráter abstrato da atividade filosófica. Por lidar com problemas distantes da vida comum, o filósofo é considerado freqüentemente uma pessoa destacada da realidade, perdido em especulações inúteis, alheio aos problemas que a vida diária se lhe impõem.

Essa visão caricatural da filosofia não se restringe ao senso comum. Guimarães Rosa certa vez definiu o filósofo como "aquele que se encontra num quarto escuro, à procura de um gato preto que não está lá. E ele o encontra..." Fernando Pessoa, em seu famoso poema 'Tabacaria', escreve que "a metafísica... é uma conseqüência de se estar mal disposto..." Mas será que é assim mesmo, quer dizer, será que é tão simples descartar a filosofia como uma atividade intelectual inútil? Para obtermos uma resposta satisfatória, é necessário que especifiquemos o ofício do filósofo. Qual é a natureza do trabalho filosófico? Sem dúvida que o ser estará sempre em busca de respostas a questionamentos. Com a filosofia, o homem aprendeu a perguntar quem ele é, o que é o ser. O mundo deixou de se restringir às divindades e à natureza, mas ganhou a figura humana, que agora também quer se encontrar. Como disse Sócrates, o autoconhecimento é o primeiro passo para sair da ignorância.

Wanilce do Socorro Pimentel do Carmo

Licenciada em Filosofia, Pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Ciências da Educação Universidade Lusófona, professora na Faculdade FAMETRO com as disciplinas Metodologia da Pesquisa, Filosofia, Sociologia, Desenvolvendo Projetos na Faculdade no curso de Administração, Professora na Escola LA SALLE - Disciplina Ensino Religioso e Filosofia

E-mail: wan_tel@hotmail.com

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