segunda-feira, 26 de maio de 2008

Convite

Convite de Efigênia Coutinho - Presidente Fundadora da AVSPE

CONVITE

O Grupo Ecos da Poesia está a organizar o seu quarto cenário, com o titulo:

" AS LETRAS DA PINTURA."

"Pretende-se interagir com a nobre arte das artes plásticas e suas derivadas através da poesia ou prosa e em que o poeta ou escritor irá apresentar o seu trabalho baseado em uma das pinturas apresentadas"
Temos o prazer de o(a) convidar a escrever sobre as obras desse ilustre artísta plástico Roberto Bérgamo.
AS LETRAS DA PINTURA duas artes que se contemplam e complementam.
AS LETRAS DA PINTURA é uma criação e organização da poeta Nelim Monti, gerente no GEP.
Por favor envie o seu texto até o dia 28 de maio de 2008 para:
nelin@netsite.com.br
Para ver mais visite: http://ecosdapoesia.net/letras/roberto_bergamo/curriculum.html
As nossas saudações literárias
Nelim Monti - Organizadora
Victor Jerónimo - Administrador
http://ecosdapoesia.net

Lista dos Participantes

01 - Efigênia Coutinho- Brasil
02 - Clara Arruda- Brasil
03 - Odir Milanez da Cunha- Brasil
04 - Marineusa Santana- Brasil
05 - Nelim Monti- Brasil
06 - Gislaine Canales - Brasil
07 - Wilson Rosa da Fonseca - Brasil
08 - Célia Jardim - Brasil
09 - Mercília Rodrigues- Brasil
10 - Maria Luísa Amorim - Brasil

" As Letras da Pintura", N-4
Apresenta:

ROBERTO BÉRGAMO
Artista Plástico

http://ecosdapoesia.net/letras/roberto_bergamo/curriculum.html
Visite e admire.

http://ecosdapoesia.net/letras/roberto_bergamo/curriculum.html

Boa Tarde!

Carinho sempre.

GRUPO ECOS DA POESIA - QUATRO ANOS
24 de Fevereiro de 2004 a 24 de Fevereiro de 2008
ecosdapoesia.net

Bloguices do Ecos é o blogue de divulgação do Grupo Ecos da Poesia
que convidamos a visitar em:
http://ecosdapoesia.blogspot.com/

Divulgar o Grupo Ecos da Poesia é contribuir para a divulgação das letras e das artes

Grupo Ecos da Poesia a cada dia, mais perto do poeta e escritor

<*> Para visitar o seu site de divulgação, acesse:
http://ecosdapoesia.net

<*> Para visitar o seu grupo Yahoo na web, acesse:
http://br.groups.yahoo.com/group/ecos_da_poesia/

BLOG DE CARLOS VILARINHO

http://carlosvilarinho.blogspot.com/

Quem tem o livro e conhece o texto pode reler, pois o conto está sendo reescrito

ANEXO - PDF

TEIA CULTURAL - MINAS
Notícias culturais, editais, prêmios


Dobal (Teresina, PI) jan/2001, foto remetida por Paulo Cunha
Amigo(a),

Acabamos de perder H. Dobal, um os maiores expoentes da poesia brasileira contemporânea. Éramos amigos. Sofria de parkinson e ultimamente seu estado de saúde vinha se agravando. Prefaciou meu primeiro livro de poemas, "O Salto sem trapézio". E escreveu seu último prefácio, também para um livro meu, "Perfume de resedá", ainda inédito, a ser publicado até o final deste ano. Sempre que podia, quando ia a Teresina, no Piauí, visitava-o na companhia de amigos, nas famosas "dobalinas". Dobal era uma dessas pessoas inesquecíveis.

Há alguns dias eu vinha escrevendo alguma coisa em versos, sobre ele. Quando me chegou a notícia de sua morte, agora há pouco, apenas completei o texto que segue abaixo, juntamente com alguns dados biográficos que puxei da internet.

Outro dia escrevi, e repito agora, com uma certeza ainda mais clara:

marretadas não abolem
uma verdade maior
nenhum verso vira pó
todo verso vira pólen.

Um abraço.

Paulo José Cunha

Um brinde ao amigo H. Dobal

Ergo um poema ao poeta
como se uma taça ao brinde.

Um brinde ao riso afável, honesto, verdadeiro
do operário calmo das palavras,
do mestre de desapegada vaidade
incapaz de grito ou impropério,
mas capaz de levantar
enormes e frágeis catedrais
feitas de versos.

É ler Dobal
para sentir-se em meio
ao seco das caatingas,
no largo dos sertões,
ardendo,
in vitro
à fumaça do ferro em brasa
marcando bois e homens.

É conhecê-lo
para aprender
que toda glória é vã,
além de arredia aos que a perseguem.

A alegria guardado nas retinas
e o macio da mão trêmula
distraem o sorriso de menino travesso,
que ironiza vida e fama
por saber
que os pombos sempre cagam nas estátuas.

O que fica, para além da vida,
e ele bem sabe,
é o brinde que se ergue,
além do nada,
e os versos que se cantam,
além da glória,
a um tempo de carinho e amizade.

Agora, de repente, tudo é pouco
e tão grande, apenas na memória:

A conversa amena, regada a café com bolos fritos,
umas risadas, os afagos dos velhos companheiros,
ao redor de sua cadeira preguiçosa,
nas manhãs dobalinas de domingo.

Morreu Hindemburgo Dobal Teixeira.

Viva H. Dobal!

(A poesia de Dobal, como bem disse Cineas Santos, no e-mail em que acaba de me comunicar a sua morte, resistirá).

Hindemburgo Dobal Teixeira é de Teresina (17 de outubro de 1927). Curso secundário no antigo Liceu. Bacharelou-se em Direito na turma de 1952 da Falcudade de Direito do Piauí, tendo sido o orador. Diretor da Revista Meridiano, figura líder da geração vanguardista, tornou-se um poeta respeitado no Brasil inteiro. Fez concurso para Fiscal do Imposto de Consumo do Ministério da Fazenda; membro do Conselho de Contribuites e professor da Escola Superior de Legislação Fazendária, em Brasília. No Governo Médici fez parte da comissão que reestruturou todo o sistema tributário nacional. Posteriormente, comissionado pelo Ministéio da Fazenda, fez cursos e estágios em Londres e Berlim, sendo um dos mais brilhantes e competentes técnicos em legislação e Técnica Fazendária, no país. Membro da Academia Brasiliense de Letras.
Em 1969 Hindemburgo Dobal Teixeira ganhava, com O Dia Sem Presságios, o Prêmio Jorge de Lima (poesia) do Instituto Nacional do Livro. Mas nem sempre a obra premiada é o melhor instante do escritor. "O Tempo Consequente", editado em 1966, é ainda o melhor momento da poesia deste notável poeta.

Obras: O Tempo Consequente (1966); O Dia Sem Presságios (Premio Jorge de Lima, 1970); A Viagem Imperfeita (1973); A Província Deserta (1974); A Serra das Confusões (1978); A Cidade Substituída (1978); El Matador (folhetim, 1980); Os Signos e as Siglas (1978); Cantigas de Folhas (1989).

Conheça um pouco de sua bela obra:
Campo Maior Bucólica
Gleba de Ausentes Inverno
II os Dias Pioneira Social
As Chuvas Transeunte
I os Rios Crepúsculo
Homo O Destiono
Réquiem Hunamae Vitae
Salmo do Homem Sozinho A Morte
Campo Maior

Ai campos do verde plano
todo alagado de carnaúbas.
Ai planos dos tabuleiros
tão transformados tão de repente
num vasto verde num plano
campo de flores e de babugem.

Ai rios breves preparados
de noite e nuvem. Ai rios breves
amanhecidos na várzea longa,
cabeças d'água do Surubim
no chão parado dos animais,
no chão das vacas e das ovelhas.

Ai campos de criar. Fazendas
de minha avó onde outrora
havia banhos de leite. Ai lendas
tramadas pelo inverno. Ai latifúndios.
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Gleba de Ausentes

Onde serão as roças planta-se primeiro
o fogo.. E em cinza as chamas
vão turvando o céu
de uma cidade ardente. Ardemos no peso da tarde
com a cinza do sol nos campos do verão.
Desde muitos avós o fumo das queimadas
vamos repetindo. Ficamos enfim
na cidade sem ventanas transplantados
e saltando os aceiros só em nós lavramos
a chama vagarosa que nos consome.
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II os Dias

Sobre as águas de um rio onde vareiros
silenciaram suas mágoas.
Sobre outro rio cantado por lavadeiras,
e o riozinho proclamado
pelos buritizeiros,
sobre os brejos sem nome
onde os riachos começam,
sobre todas as águas
o espírito perene.

Sobre o espírito das águas
que memoraram os dias,
sobre um rio perdido onde os bichos do mato
beberam o fim da tarde,
sobre um vale pastoral onde os rios pensam
sobre a música de vida
dos rios reduzidos a um nome
PARNAÍBA
sobre os rios plenos,
os dias consumidos.
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As Chuvas

Nas mãos do vento as chuvas amorosas
vinham cair nos campos de dezembro,
e de repente a vida rebentava
na força muda que as sementes guardam.

Nas ramas verdes rebentava a luz
e a doçura do tempo transformava
a terra e o gado na pastagem tenra,
na alegria dos rios renovados.

Cheiro de mato e de currais suspensos
no ar que os dedos do inverno vão tecendo
mais uma vez nos campos de dezembro.

E nos trovões a tarde acalentada,
cantigas de viver que a chuva traz
numa clara certeza repetida.
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I os Rios

Ai rios do Piauí, água rica de peixe
de couro e de escama.

De todos os rios sobra uma cantiga
de bem viver. Um rio preguiçoso
se compraz no seu curso. Outro rio
subterrâneo se afunda no peito.

Campo de areia, água viva nos pés,
água pesada na memória.
Senhor das dimensões um rio segue
suas margens renovadas, ribanceiras
movediças. Um rio move
seus habitantes, seus destinos.

Dodó das Cabeceiras
conhecedor dos rios
com eles aprendeu
a plenitude da vida.

Seu ritmo irregular um rio instala
faz a sua própria força. Cava os seus canais
seus tributários arrecada.

Água de beber, água de lavar,
água de nuvem, água do chão.
Móvel. Migrante. Um rio.
Jamais o mesmo.
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Homo

Sua razão de vida o homem vê minguando
a cada dia. Mas duro recomeça
como se o tempo lhe sobrasse. E vagaroso
não conta as eras que se extinguem.
Nem conta a solidão dos dias claros
se desdobrando iguais como esquecidos
de mudar. Nem a distância
que o grito não transpõe, a passagem da vida
cumprida só em mínimos desejos.
Sua lástima no piar das nambus, sóbrio
se esquiva às armadilhas da tarde.
A incerteza nos paióis, o chão batido
em que levanta a casa, o amor
como a água das cabaças.
Lavrador do milho e do feijão, sua frugal colheita
em gleba alheia. Passa-lhe a vida,
e queima o céu com a cinza de suas roças.
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Réquiem

Nestes verões jaz o homem
sobre a terra. E a dura terra
sob os pés lhe pesa. E na pele
curtida in vivo arde-lhe o sol
destes outubros. Arde o ar
deste campo maior desta lonjura
onde entanguidos bois pastam a poeira.

E se tem alma não lhe arde o desespero
de ser dono de nada. Tão seco é o homem
nestes verões. E tão curtida é a vida,
tão revertida ao pó nesta paisagem
neste campo de cinza onde se plantam
em meio às obras-de-arte do DNOCS
o homem e os outros bichos esquecidos.

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