quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Dia Mundial da Alimentação

Mensagem do Diretor - Geral da FAO, Jacques Diouf, sobre o tema do Dia Mundial da Alimentação 2008

De 03 a 05 de junho de 2008, delegados de 181 países se reuniram em Roma (entre eles 43 Chefes de Estado e de Governo e mais de 100 Ministros) para participar da Conferencia de Alto Nível sobre Segurança Alimentar Mundial. Mais de 5 000 pessoas assistiram a esse evento, que colocou a crise alimentar em primeiro plano do debate sobre o desenvolvimento mundial. A Conferencia reafirmou a necessidade de produzir mais e, portanto, de investir mais na agricultura. Na realidade, trata-se de fazer frente a crescente demanda de alimentos provocada pelo crescimento demográfico, o progresso econômico dos países emergentes e a concorrência no setor de bioenergía, num período no qual tanto a mudança climática como a redução dos suprimentos afetam a demanda.

O tema do Dia Mundial da Alimentação deste ano, Segurança Alimentar Mundial: os desafios da Mudança Climática e da Bioenergia , oferece uma oportunidade de promover as conclusões da Conferencia de Alto Nível, e de poder aplicá-las o quanto antes.

A mudança climática afeta a todos, porém as regiões pobres, as primeiras vítimas, já sofrem seus efeitos. O mais provável é que a situação piore nas próximas décadas. A pior parte recairá sobre as centenas de milhões de pessoas vulneráveis que sofrem com a insegurança alimentar: os pequenos produtores agrícolas e florestais, pecuaristas e pescadores. As mudanças climáticas, assim como o aumento da freqüência dos fenômenos meteorológicos extremos, afetarão a disponibilidade de terra, água e biodiversidade, e, certamente, darão lugar a reduções no setor agropecuário, com as conseqüentes repercussões negativas sobre o acesso aos alimentos.

Portanto, a probabilidade é que a mudança climática leve a um aumento dos fluxos migratórios aos países mais ricos enquanto que a elevação dos oceanos venha a forçar um grande número de comunidades de zonas costeiras e dos deltas fluviais, a se deslocar para as regiões mais elevadas. Estes riscos devem ser levados em consideração desde já. E, por conseguinte, a análise da segurança alimentar deve ser colocada num contexto totalmente novo.

O aumento vertiginoso dos preços dos produtos alimentícios e da energia nos últimos três últimos anos, fez crescer, até o final de 2007, para 75 milhões o número de pessoas que passam fome. Esta crise se deve a diminuição dos investimentos agrícolas nos países mais pobres nos últimos 30 anos. A parte correspondente a agricultura na ajuda pública ao desenvolvimento, passou dos 17 % en 1980 aos 3 % em 2006. As instituições financeiras tem reduzido drasticamente sua contribuição para a agricultura. É necessário reverter rapidamente esta tendência e recuperar o nível inicial. Além disso, e necessário criar marcos que permitam um crescimento massivo dos investimentos estrangeiros diretos em prol da agricultura nos países de baixa renda e com déficit de alimentos. Sociedades eqüitativas entre os países que dispôem de terra, água e mão de obra e os países que possuem recursos financeiros, capacidade de gestão e mercados adequados, poderiam constituir uma base sólida para uma agricultura sustentável. A mesma tem que ser capaz de dobrar a produção de alimentos para 2050, quando a população do planeta, hoje com 6 bilhões, chegará aos 9 bilhões. Somente assim será possível mobilizar os fundos necessários para renovar a agricultura, que o Grupo de trabalho de alto nível sobre a crise alimentar mundial estima em cerca de 30 bilhões de dólares anuais.

Neste Dia Mundial da Alimentação 2008 convido a todos para participar na divulgação da Declaração da Conferencia de Alto Nível sobre Segurança Alimentar Mundial e na mobilização de todas as partes interessadas para proceder com a sua aplicação: governos, organismos internacionais, organizações agrícolas internacionais, sociedade civil e setor privado. Mais do que nunca, o futuro do planeta depende da nossa capacidade para sustentar o desenvolvimento da agricultura nos países mais pobres.

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