sábado, 20 de setembro de 2008

Quero criar um jornal

Quero criar um jornal
Gildázio Santos*

Quero criar um jornal tablóide, de 12 a 34 páginas, destinado ao público em geral, mas especialmente às camadas populares, ou seja, às classes C e D, como são chamadas. O meu público alvo, independente de formação acadêmica, crenças ou classe social, seriam as pessoas comuns, como: educadores, agentes públicos, agentes de pastorais, estagiários das diversas áreas, militantes dos movimentos sociais, culturais, ambientais, étnicos, formadores de opinião em geral. A circulação seria no Estado de Minas Gerais e em outras regiões do Brasil, com uma tiragem inicial de 5000 exemplares e consolidando entre 30.000 a 100.000 exemplares em um período médio de 5 (cinco) anos.

A história dos veículos de comunicação alternativa já me indicou que esse veículo não poderá ser diário, semanal ou quinzenal. Poderá ser mensal, bimestral ou até trimestral, pois quanto menor for sua periodicidade, mais curta será sua vida, por uma série de fatores que não discutiremos aqui. A sua criação só terá sentido se for para durar muito tempo. Se sua morte for precoce, devido à falência, por exemplo, como várias histórias que conhecemos, não terá o efeito esperado.

Como os outros tablóides, esse jornal estaria disponível nas bancas, nos pontos de ônibus e no metrô, nas rodoviárias, nas livrarias, portas de escola, postos de saúde e combustível e farmácias, pois seria vendido a preço popular. Até aqui quase tudo igual aos outros.

Quanto ao nome, esse jornal nunca se chamaria: Super, Aqui ou Agora; poderia se chamar Mínimas Notícias, talvez para cumprir aquele ditado - "Os melhores perfumes estão nos menores frascos"-, pois nas mínimas coisas é que se encontra a verdadeira essência.

A manchete de ontem, dia 04 de setembro de 2008 seria a seguinte: "o Lula é Super" e não o contrário. Não seriam publicadas notícias de tragédias ou terror, para estragar o dia e o humor das pessoas, mas seriam pautadas informações para elevar a auto-estima, e para valorizar a dignidade.

Matérias longas seriam elaboradas, contando bons exemplos de famílias de camadas populares que rompem a lógica excludente e dão conta de superar os obstáculos e conseguem ser felizes. Ética, cidadania, direitos humanos ecologia e outros temas dessa linha teriam espaço garantido nas edições.

A Cicarelle de Ipatinga e sua família seriam poupadas do espetáculo cruel; os casos de assassinatos e graves acidentes não ocupariam uma linha desse jornal, pois essas notícias seriam todas censuradas. Nesse item, o Mínimas descumpriria a tão propalada Lei da imprensa em cumprimento da lei maior, a Lei da vida.

Diogo Mainardi estaria proibido de passar perto da redação do Mínimas; usaria seu tempo para babar o ovo de suas antas preferidas que o fizeram ser o que é, e escrever sua coluna no panfleto semanal, que tem como objetivo cegar a Verdade e difundir a visão míope de uma classe que não admite ver os pobres em situação melhor, com a cidadania em processo mais acelerado a caminho da realização.

No jornal, não haveria vagas para editores e jornalistas que só trabalham o sensacionalismo e que rascunham no canto da folha o que eles mesmos sabem que é só para vender a desgraça e a miséria alheia, em letras garrafais nas principais páginas.

Esse jornal só será publicado se alguém acreditar que é possível mudar a pauta, aquele que acredita e patrocina, diariamente, a vida e valoriza o ser humano, aquele que aposta nas pessoas e nelas investe, que se sensibiliza com a idéia e se propõe a escrever uma nova página e desenhar o futuro.

Uma coisa é certa: esse jornal não terá concorrente, pois sua linha não seguirá a lógica da grande mídia.

Futuramente, ao escrever essas linhas e colunas, poderemos contribuir com a mudança da cultura da morte para a cultura da vida e da promoção do ser humano.

* Filósofo, educador popular e editor do Blog:
www.areteeducar.blogspot.com
e-mail: santos.gildazio@ig.com.br

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