Consea busca soluções para segurança alimentar dos povos indígenas
Seminário em Carmésia reunirá lideranças indígenas para debater a situação atual e potencializar os projetos do Governo em favor dos índios
A rearticulação e definição de novas estratégias de trabalho em benefício das populações indígenas no Estado, especialmente as referentes à desnutrição e à segurança alimentar desses povos, são os principais objetivos do Seminário de Segurança Alimentar e Nutricional e Povos Indígenas, que acontecerá em Carmésia, no Vale do Aço, de sexta a domingo (4 a 6 de julho). A meta é ouvir as demandas e potencializar os projetos já existentes no Governo, convocando Estado e sociedade para um mutirão pela melhoria da situação dos povos indígenas, informou o presidente do Conselho de Segurança Alimentar Nutricional Sustentável de Minas Gerais (CONSEA-MG), Dom Mauro Morelli.
Lideranças indígenas, representantes de dez etnias que vivem em Minas Gerais, estarão reunidas na Fazenda Guarani - área indígena Pataxó, em Carmésia. Nos dias 4, 5 e 6, será realizada assembléia geral para debater a situação atual e as principais necessidades dessas comunidades. Participam representantes dos povos Pataxó, Krenak, Xakriabá, Maxakali, Pankararu, Aranã, Xukuru-Kariri, Pataxó HãHãHãe, Mukurin, Kaxixó e convidados. O CONSEA-MG e o Conselho dos Povos Indígenas de Minas Gerais são os promotores do encontro, com apoio de entidades ligadas à causa.
Debate e reflexão
O seminário pretende aprofundar os debates e reflexões sobre a situação de 14.500 indígenas que vivem em diferentes regiões mineiras em relação à segurança alimentar e nutricional. Também visa estimular e apoiar iniciativas que buscam superar as dificuldades e promover práticas de vida saudável, o fortalecimento das organizações indígenas, ampliação das parcerias e formulação de políticas públicas. O encontro dá continuidade ao processo de discussão e diálogo na busca da construção de alternativas de sustentabilidade desses povos, afirmação dos seus direitos e promoção da melhoria das condições de vida.
O presidente do CONSEA-MG, Dom Mauro Morelli, acredita que será um momento exemplar por ser o primeiro evento de segurança alimentar para uma população específica em Minas Gerais: os povos indígenas. Para ele, essa troca de experiências e vivências, de aprofundamento das relações e partilhamento de saberes, é mesmo uma grande oportunidade para a construção de algo novo, uma parceria que poderá se iniciar com um diagnóstico da situação da comunidade indígena do povo Pataxó, na fazenda Guarani, e se estender às demais do Estado. “Temos muito a aprender com as populações indígenas, suas tradições e hábitos, a vida saudável e as questões ambientais nos sensibilizam. Mais vale a vivência que a teoria. A harmonia do universo tão bem compreendida por essa população é o cenário necessário para a promoção do direito humano à alimentação adequada”, destacou.
Para o representante da coordenação do Conselho dos Povos Indígenas de Minas Gerais, Douglas Krenak, é grande a expectativa para realização do encontro, que é a oportunidade que faltava para reivindicarem e sugerirem ações de melhoria para as populações indígenas. Segundo ele, o fato de se reunirem com representantes de órgãos do Governo ligados às questões indígenas poderá resultar no atendimento de suas demandas por melhores condições não só de nutrição, mas também de saúde, educação, questão fundiária, entre outras.
“Esperamos ansiosos por esse encontro para falarmos diretamente com representantes do Governo sobre as nossas reais necessidades. Muitos índios vivem em condições precárias e queremos que os órgãos responsáveis acompanhem de perto essa realidade”, afirmou, lembrando que, apesar da difícil situação dos índios, muitos projetos do Governo mineiro estão ajudando a amenizar as dificuldades.
Ameaças aos direitos
Os povos indígenas passaram por longo processo de desestruturação étnica e cultural, o que os levou à perda ou redução de suas terras, degradação ambiental dos territórios indígenas, resultando na perda das bases de sua auto-sustentação. Práticas como caça, pesca e coleta ficaram comprometidas, além de outros problemas causados pela redução do ciclo das chuvas, diminuindo roças de subsistência e aumentando o quadro de empobrecimento.
Muitos povos buscam alternativas econômicas através do assalariamento compulsório em fazendas e frentes de trabalho no corte de cana e colheita em outros estados brasileiros. Essa situação cria uma série de problemas, como trabalho escravo, negação da identidade étnica e contaminação de doenças. Atualmente, todos os povos em Minas Gerais vivenciam problemas causados por falta de segurança alimentar e nutricional, que inviabilizam seus projetos de vida e ameaçam os direitos básicos.
Consea-MG
A missão do Consea-MG é garantir o direito à alimentação adequada a todos os habitantes do Estado de Minas Gerais, por meio do controle social das políticas e ações públicas de segurança alimentar e nutricional sustentável em articulação do Governo com as instituições da sociedade. Para alcançar esse objetivo, diz Dom Morelli, faz-se necessário conhecer a realidade de cada população específica com a participação ativa dos sujeitos e em sintonia com as instituições que, em suas atribuições institucionais, preconizam essas ações, levando em conta o conjunto do povo mineiro, a diversidade, as potencialidades e desafios, de modo a contribuir no processo de superação dos males da miséria e da fome, da insegurança alimentar em todas as suas fases e libertar seus povos da escravidão do analfabetismo.
Informações:
Ofélia Bhering – 9605-1956
Gildázio (Consea) – 9864-3647
Douglas Krenak – (33) 8433-7227
0 Comments:
Post a Comment