quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Fórum Social bate recorde de investimento público no Pará

Fórum Social bate recorde de investimento público no Pará

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
Belém

A edição deste ano do Fórum Social Mundial, que começa no próximo dia 27, em Belém (PA), atrairá o maior volume de investimentos estatais desde a criação do encontro, no qual se reúnem organizações deesquerda de todo o mundo.

Para capacitar a capital paraense de infraestrutura, segurança e atendimento médico adequado aos mais de 80 mil participantes jáinscritos, os governos federal e estadual e a prefeitura gastarão aomenos R$ 145,3 milhões.

Segundo a Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais), o recorde anterior pertencia à última edição feita no Brasil, a de Porto Alegre (RS) em 2005, que teve 155 mil participantes e recebeu cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos.

Segundo os organizadores do fórum, o gasto deste ano ajudará a sanar uma série de falhas no serviço público de Belém --uma das capital com pior saneamento básico do país, e que tem altos índices de violência e um caos crescente no trânsito.

"O fórum se pauta pela lógica de não fugir desses problemas. Se não fosse assim, todas as edições teriam sido feitas em Paris", disse Moema Miranda, do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), uma das organizações fundadoras do encontro.

"De fato, em Belém teremos esse 'plus'", disse. "É o resultado de uma maior maturidade no diálogo com o governo estadual. Foi [um resultado] muito positivo, uma forma de apoio diferenciada", afirmou.

Segundo ela, é errado pensar que o dinheiro público será usado apenas para promover uma reunião de entidades de esquerda, já que as melhorias devem ser duradouras. "O governo não vai gastar com passagem de avião de ninguém."

Miranda disse ser "quase impossível" quantificar o total gasto pelas mais de 4.000 organizações inscritas.

"Quando soubemos que o fórum viria para cá, isso foi motivo de alegria, mas também de preocupação", afirmou à Folha a governadora Ana Júlia Carepa (PT). "Por isso apresentamos uma proposta [de investimentos] ao governo federal já em 2007", disse ela.

Para Ana Júlia, tanto ela quanto o governo federal têm "identidade" com o direcionamento ideológico do encontro, o que facilitou a liberação dos recursos. Ela afirmou que parte das reformas prometidas não ficará pronta a tempo. "Mas elas [obras] ficarão para as comunidades", disse.

O dinheiro para policiamento, cerca de R$ 52 milhões, chega em um momento em que o Estado enfrenta uma crise política na segurança pública.

Na sexta-feira, o então comandante da polícia militar, coronel Luiz Cláudio Rufeill, deixou o cargo, após a morte, em assaltos, de um procurador do município e de um médico.
No último sábado, como demonstração de força, policiais prenderam cerca de 200 pessoas em uma festa em um bairro pobre da cidade --a maioria delas, adolescentes que ingeriam bebida alcoólica.

Na operação, trabalhou parte dos 120 agentes da Força Nacional de Segurança, que chegaram na semana passada a Belém para reforçar o policiamento durante o fórum. Outros 180 são esperados. Os efetivos da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal também serão reforçados.

"Não é um problema político, é prático", afirmou Carepa, que nega haver crise. Para ela, só haverá problemas na segurança se "forças da oposição tentarem forjar alguma coisa".
Também serão feitos investimentos em asfaltamento e duplicação de vias, reformas de universidades, escolas e hospitais, dentre outros.

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