Campanha de Popularização do Teatro e da Dança chega à 35ª edição
Ailton Magioli - EM Cultura
Se o público belo-horizontino transforma a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança em sua verdadeira “praia” cultural no verão, para alguns atores, diretores e produtores, o evento acaba se transformando, infelizmente, em uma espécie de barraca praiana, religiosamente montada a cada ano. Ou seja, oferece-se de tudo, mas sem muita preocupação com a qualidade. A comparação crítica é feita pela atriz Cida Mendes, de 42 anos.
Ailton Magioli - EM Cultura
Se o público belo-horizontino transforma a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança em sua verdadeira “praia” cultural no verão, para alguns atores, diretores e produtores, o evento acaba se transformando, infelizmente, em uma espécie de barraca praiana, religiosamente montada a cada ano. Ou seja, oferece-se de tudo, mas sem muita preocupação com a qualidade. A comparação crítica é feita pela atriz Cida Mendes, de 42 anos.
Atração da 35ª edição da campanha, que volta ao cartaz na segunda-feira, a comediante Cida Mendes apresentará duas montagens. Em ambas encarnará a dona-de-casa Concessa – personagem simples e contestadora que leva o público a refletir sobre a simplicidade da vida neste mundo globalizado. “Faço Concessa desde a infância. Ela é uma espécie de mosaico de tudo o que vejo por aí. A gente vai catando um gesto aqui, um olhar ali, a mão nas cadeiras acolá”, explica a atriz autodidata, que vive filmando o jeito popular para levá-lo ao palco.
Às sextas-feiras e sábados, no Teatro Santa Dorotéia, Cida vai apresentar Concessa – Pendura e cai, reservando os domingos para Concessa – Tecendo prosa (que, nos dias 19, 20 e 21, ficará em cartaz no Espaço Cultural do Minas Shopping). Na segunda etapa da programação, ela promete levar sua já famosa personagem para o Barreiro.
“Prefiro fazer a campanha um ano, depois ficar o outro sem participar. Muita gente gosta de fazer do evento a sua barraca de praia. Preparam a peça exatamente para estrear nesse período”, critica a comediante. Mas Cida comemora o fato de o público transformar o evento em programa preferido de férias. “Esse povo vai acabar fazendo uma revolução cultural. Trata-se de pessoas simples, que vão ao teatro apenas uma vez por ano”, elogia. Entretanto, ela lamenta o fato de o público de maior poder aquisitivo frequentar apenas espetáculos de atores “globais”, pagando até 10 vezes o valor do ingresso da campanha apenas para ver artistas de novela.
“Minha crítica é à quantidade de espetáculos oferecidos na campanha. O Sinparc (sindicato que reúne produtores de artes cênicas) costuma dizer que quem deve selecionar é o público. Discordo. Como ocorre em festivais e em grandes eventos teatrais, tem de haver curadoria para selecionar trabalhos. Há coisa ali que não é teatro”, pondera a atriz.
NA TELONA
Com o auxílio da diretora Iolene de Stéfano, Cida Mendes construiu sua Concessa inspirada na elogiada técnica do clown desenvolvida por Luís Otávio Burnier (1956-1995), do Grupo Lume, de Campinas. Se tudo der certo, em breve o público poderá conferir a performance da dona-de-casa no cinema, graças ao projeto de longa-metragem de baixo orçamento que deverá ser dirigido pela cineasta goiana Rosa Berardo.
Em mais de uma década de carreira, Concessa atraiu cerca de 80 mil pessoas, calcula a produção da peça. Só em 2008 foram 1,5 mil apresentações, incluindo festivais em que Cida ganhou prêmios de melhor atriz.
Duque quer superar o resultado de 2008
Das 116 atrações da 35ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, quase metade é inédita no evento. Trinta e quatro espetáculos adultos, 13 infantis e cinco de dança vão integrar pela primeira vez a programação. Este ano, o evento participa do projeto BH espera por você, do Belo Horizonte Convention Bureau. O objetivo é atrair turistas à capital mineira em janeiro e fevereiro.
“A meta é ultrapassar o recorde de público de 2008, quando mais de 320 mil pessoas foram ao teatro em Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora, Ipatinga e Timóteo”, informa Rômulo Duque, presidente do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc-MG), organizador da campanha.
De segunda-feira a 8 de março, entrarão em cartaz 75 espetáculos adultos, 33 infantis e oito de dança, ocupando 38 teatros da capital, além de salas no interior. Em Belo Horizonte, dois espaços vão estrear: os teatros do Minas Shopping (onde funcionava o cinema, com 200 lugares) e do Hotel Ouro Minas (no antigo auditório, com 400 lugares). Está prevista a reabertura do Teatro do Clube dos Oficiais da PMMG, de 368 lugares, no Prado.
Em 2009, a campanha completa 35 anos de atividade ininterrupta. Realizado parcialmente com recursos das leis federal, estadual e municipal de incentivo à cultura, pelo sexto ano consecutivo o projeto será levado a Ipatinga, no Vale do Aço. De 22 de janeiro a 15 de fevereiro, o Centro Cultural Usiminas e o Teatro Zélia Olguin receberão três peças adultas, quatro infantis e oito montagens de dança.
Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, a programação vai de 15 de janeiro a 15 de fevereiro, em mais de 10 espaços, com 24 espetáculos adultos, 12 infantis e quatro de dança. Timóteo, no Vale do Aço, participa do evento pela segunda vez, com programação exibida no Centro Cultural da Fundação Arcelor Mittal Acesita.
De olho na platéia
Tudo começou em 1972, no Rio de Janeiro. Preocupados com a redução do público – especialmente em dezembro e janeiro –, artistas e produtores propuseram ao Serviço Nacional do Teatro (atualmente extinto) a criação da Campanha das Kombis. Em dezembro, seriam vendidos ingressos dos espetáculos em cartaz na cidade a preços reduzidos. A iniciativa foi um sucesso e, já no ano seguinte, seria estendida para Minas Gerais e São Paulo. Posteriormente, chegou a outros estados. Atualmente, diante da redução de verbas, apenas paulistas e mineiros vêm realizando a campanha sem interrupção. A partir de 1999, apenas em Minas Gerais a dança foi incluída no projeto.
Espetáculos para adultos
Espetáculos para crianças
Espetáculos de danças
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