Papa pede fim de especulação financeira para se combater a fome
Agência Ansa
O papa Bento XVI disse hoje, em seu discurso na Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que uma das causas da fome no mundo é a especulação financeira e pediu às nações que repensem suas políticas de segurança alimentar.
O Pontífice falou no final da manhã de hoje, primeiro dia da cúpula -- que termina na quarta-feira. O evento reúne mais de 60 chefes de Estado e de Governo para discutir alternativas a fim de erradicar a fome no mundo.
Bento XVI explicou que a fome tem suas raízes "no aumento dos preços dos produtos, na diminuição da disponibilidade econômica das populações mais pobres e no limitado acesso ao mercado e à comida". Por isso, fez um apelo pelo término das operações financeiras visando ao lucro sobre os produtos alimentares.
O Papa pediu ainda o fim do "egoísmo" e dos "modelos orientados ao consumo próprio", que "permitem que a especulação se estenda ao mercado de cereais, onde a comida é vista como qualquer outro produto".
Segundo ele, não há nenhuma relação de "causa e efeito entre o crescimento da população e a fome", já que o número de pessoas sem acesso regular a alimentos continua sofrendo um "dramático aumento", mesmo que a terra esteja em condições de "nutrir suficientemente todos os seus habitantes".
Joseph Ratzinger condenou também a "destruição do abastecimento alimentar em função do lucro econômico" e o emprego de "certas formas de subvenção que perturbam gravemente o setor agrícola".
Durante o discurso, o Pontífice convidou os países presentes a repensarem "os atuais mecanismos de segurança alimentar" que, segundo ele, estão revelando todas as suas "fraquezas".
"Não é possível continuar a aceitar a riqueza e o desperdício enquanto o drama da fome assume dimensões sempre maiores", acrescentou. A solução apresentada pelo Papa seria o estabelecimento de relações harmônicas entre as nações desenvolvidas e as que estão em desenvolvimento.
"Se o objetivo é a eliminação da fome, a ação internacional é chamada não somente a favorecer o crescimento econômico equilibrado e sustentável e a estabilidade política, mas também a procurar novos parâmetros, necessariamente éticos e, posteriormente, jurídicos e econômicos, para inspirar a cooperação de forma a construir um relacionamento igualitário entre países que se encontram em diferentes graus de desenvolvimento", explicou Bento XVI.
O Papa lembrou que, apesar dos países mais pobres estarem integrados à economia mundial de uma forma mais ampla do que no passado, o mercado internacional os torna mais vulneráveis e os faz recorrer à ajuda de instituições intergovernamentais.
"A Igreja não pretende interferir nas escolhas políticas", continuou. De acordo com o Santo Padre, a instituição se "une aos esforços para eliminar a fome", desde que respeitem "a sabedoria e os resultados da ciência, como também as escolhas determinadas pela razão quando responsavelmente iluminada por valores autenticamente humanos".
Antes da intervenção do chefe de Estado do Vaticano, o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, havia dito que a organização e a Igreja Católica concordam que a fome "é uma questão moral".
Diouf disse que a presença de Bento XVI era um "evento excepcional" e afirmou esperar que a visita "permita também levar a luta contra a fome no mundo a um nível de responsabilidade coletiva e ética que transcende os laços e interesses nacionais e regionais, para reafirmar em voz alta e forte o direito à alimentação, que é o primeiro entre os direitos do homem".
O diretor-geral da FAO afirmou ainda que a presença do Santo Padre "confere a esta cúpula uma forte dimensão espiritual para confrontar" uma situação que "é a mais trágica e intolerável, se não a mais midiática" entre os problemas do mundo.
Esta foi a primeira vez que Joseph Ratzinger, que assumiu o pontificado em 2005, participou de um encontro da FAO. João Paulo II esteve em três reuniões da entidade, em 1979, em 1992 e em 1996.
Agência Ansa
O papa Bento XVI disse hoje, em seu discurso na Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que uma das causas da fome no mundo é a especulação financeira e pediu às nações que repensem suas políticas de segurança alimentar.
O Pontífice falou no final da manhã de hoje, primeiro dia da cúpula -- que termina na quarta-feira. O evento reúne mais de 60 chefes de Estado e de Governo para discutir alternativas a fim de erradicar a fome no mundo.
Bento XVI explicou que a fome tem suas raízes "no aumento dos preços dos produtos, na diminuição da disponibilidade econômica das populações mais pobres e no limitado acesso ao mercado e à comida". Por isso, fez um apelo pelo término das operações financeiras visando ao lucro sobre os produtos alimentares.
O Papa pediu ainda o fim do "egoísmo" e dos "modelos orientados ao consumo próprio", que "permitem que a especulação se estenda ao mercado de cereais, onde a comida é vista como qualquer outro produto".
Segundo ele, não há nenhuma relação de "causa e efeito entre o crescimento da população e a fome", já que o número de pessoas sem acesso regular a alimentos continua sofrendo um "dramático aumento", mesmo que a terra esteja em condições de "nutrir suficientemente todos os seus habitantes".
Joseph Ratzinger condenou também a "destruição do abastecimento alimentar em função do lucro econômico" e o emprego de "certas formas de subvenção que perturbam gravemente o setor agrícola".
Durante o discurso, o Pontífice convidou os países presentes a repensarem "os atuais mecanismos de segurança alimentar" que, segundo ele, estão revelando todas as suas "fraquezas".
"Não é possível continuar a aceitar a riqueza e o desperdício enquanto o drama da fome assume dimensões sempre maiores", acrescentou. A solução apresentada pelo Papa seria o estabelecimento de relações harmônicas entre as nações desenvolvidas e as que estão em desenvolvimento.
"Se o objetivo é a eliminação da fome, a ação internacional é chamada não somente a favorecer o crescimento econômico equilibrado e sustentável e a estabilidade política, mas também a procurar novos parâmetros, necessariamente éticos e, posteriormente, jurídicos e econômicos, para inspirar a cooperação de forma a construir um relacionamento igualitário entre países que se encontram em diferentes graus de desenvolvimento", explicou Bento XVI.
O Papa lembrou que, apesar dos países mais pobres estarem integrados à economia mundial de uma forma mais ampla do que no passado, o mercado internacional os torna mais vulneráveis e os faz recorrer à ajuda de instituições intergovernamentais.
"A Igreja não pretende interferir nas escolhas políticas", continuou. De acordo com o Santo Padre, a instituição se "une aos esforços para eliminar a fome", desde que respeitem "a sabedoria e os resultados da ciência, como também as escolhas determinadas pela razão quando responsavelmente iluminada por valores autenticamente humanos".
Antes da intervenção do chefe de Estado do Vaticano, o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, havia dito que a organização e a Igreja Católica concordam que a fome "é uma questão moral".
Diouf disse que a presença de Bento XVI era um "evento excepcional" e afirmou esperar que a visita "permita também levar a luta contra a fome no mundo a um nível de responsabilidade coletiva e ética que transcende os laços e interesses nacionais e regionais, para reafirmar em voz alta e forte o direito à alimentação, que é o primeiro entre os direitos do homem".
O diretor-geral da FAO afirmou ainda que a presença do Santo Padre "confere a esta cúpula uma forte dimensão espiritual para confrontar" uma situação que "é a mais trágica e intolerável, se não a mais midiática" entre os problemas do mundo.
Esta foi a primeira vez que Joseph Ratzinger, que assumiu o pontificado em 2005, participou de um encontro da FAO. João Paulo II esteve em três reuniões da entidade, em 1979, em 1992 e em 1996.
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