segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Artigo - Gilberto Dimenstein

Acompanhem artigo de Gilberto Dimenstein, publicado na Folha de São Paulo, sobre a chegada da Classe C,D e E na Universidade!

O escândalo da minissaia de Geisy Arruda é apenas um detalhe de um fenômeno muito maior: a entrada dos mais pobres no ensino superior brasileiro. Em breve --e breve significa mais três ou quatro anos-- as classes C, D e E serão maioria nas universidades.

Uma consultoria especializada em ensino superior (Hoper) informa que, de 2004 até 2008, o número de alunos da classe C cresceu 84%, e da classe D, 52%. Isso significa um batalhão de quase 680 mil pessoas.

São brasileiros com mais expectativas profissionais, já que, ao entrarem na faculdade, imaginam-se com mais chance de um bom emprego. É gente que, em geral, tende a tornar-se mais crítica e ciosa de seus direitos --vejam como Geisy Arruda defendeu seus direitos.

É também gente, que, em geral, tem mais garra. Não é fácil sobreviver ao ensino médio público, trabalhar à noite e estudar de dia.

Aposto que está aí o nascimento, aos poucos, de uma nova elite brasileira. Sem perder o olhar crítico e a demanda por mais qualidade de ensino, os acadêmicos deveriam olhar com menos preconceitos para o ensino superior privado.

Assim como é melhor um jovem concluir o ensino médio público, por pior que seja, é melhor ter quatro anos de uma escola privada no ensino superior.

Baseado na suspeita de que esse público tende a demandar mais cultura, fiz a experiência de levar a faculdades privadas a experiência do site Catraca Livre (www.catracalivre.com.br), para treinar os estudantes sobre como aproveitar a programação cultura gratuita da cidade de São Paulo. Rapidamente, uma parcela dos estudantes, segundo depoimentos de diretores das faculdades, começou a frequentar os eventos, até concertos de música erudita e ópera.

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