quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Economia Solidária - Nota de Repúdio

Aos Militantes do Movimento da Economia Solidária,

Segue abaixo uma nota de repúdio dirigida ao SEBRAE, manifestando a nossa indignação por ter em seu quadros colaboradores que se ocupam em desqualificar os esforços dos que lutam por uma sociedade sustentável.

Pedimos a solidariedade dos militantes do movimento de economia solidária, fazendo chegar ao conhecimento do SEBRAE/Nacional, as pessoas abaixo qualificadas.

Sr. Paulo Okamotto
Diretor Presidente do Sebrae
imaculada@sebrae.com.br
END.: SEPN - Quadra 515 - Lote 03 - Bloco C - Asa Norte
Brasília - DF - CEP: 70770-530
TELEFONE: (61) 3348-7100/ 3348-7128 - FAX: (61) 3347-3581

Sra. Louise Alves Machado
Unidade de Acesso a Mercados e Relações Internacionais
louise.machado@sebrae.com.br
END.:SEPN - Quadra 515 Bl. C Loja 32
Brasilia - DF - CEP 70770-000
TELEFONE:(61) 3348-7455 / FAX (61) 3275-1384

Saudações Solidárias,
Coordenação Executiva do Fórum Sul Mineiro de Economia Solidária

NOTA DE REPÚDIO

O Fórum Sul Mineiro de Economia Solidária, uma articulação de representantes de prefeituras, ong's e empreendimentos solidários, com sede no município de Varginha, vem manifestar a sua indignação quanto à fala do Sr. Álvaro Santos Neto, palestrante do SEBRAE, por ocasião do Seminário Comércio Justo e Solidário realizado no município de Varginha, no último dia 24 de agosto, no Colégio Marista. O seminário era um dos três realizados pelo SEBRAE/Nacional em Minas Gerais para divulgar as oportunidades do comércio justo e solidário.

Em sua fala, o expositor desqualificou a Economia Solidária, como uma alternativa de organização dos pequenos empreendimentos, valendo-se de expressões boçais e pejorativas. Em tom de deboche, arrancava gargalhadas dos presentes, comparando os que fazem a Economia Solidária com "mulas". O deboche não ficou por aí, numa manifestação de preconceito explícito afirmou que "a economia solidária é coisa de sociólogo".

O palestrante mostrou total desconhecimento sobre o movimento de Economia Solidária, que vem sendo construído com dedicação de profissionais de várias áreas de conhecimento: psicólogos, engenheiros, arquitetos, agrônomos, administradores, economistas, publicitários, etc. Profissionais e/ou futuros profissionais que estão reunidos nas Incubadoras de Tecnologia de Cooperativas Populares – ITCP's, presentes em renomadas instituições de ensino superior de todo o país, como UNICAMP, UFRJ, UFLA, UNIFEI, UFSJ, FGV, UNESP, etc, que por ironia, no dia seguinte a sua grosseria, os profissionais da região sudeste, estavam reunidos a poucos quilômetros dali, no município de Lavras, na UFLA Universidade Federal de Lavras, para justamente refletir sobre a Economia Solidária e a bem sucedida iniciativa de colocar o saber acadêmico a serviço dos pequenos empreendedores populares.

Não se trata aqui de censura à livre manifestação de idéias e pensamento, uma conquista do povo brasileiro que lutou para que a democracia fosse um direito inviolável, assegurando a pluralidade de opiniões. Repudiarmos é a grosseria, o preconceito, o tom jocoso com que desqualificou a Economia
Solidária. Ao fazer seu deboche, o palestrante se reportava ao seu estado natal, o Ceará, demonstrando mais uma vez o seu desconhecimento sobre o tema. É justamente daquele Estado, que vem uma das experiências mais exitosas de modelo de uma nova economia baseada na solidariedade, hoje referência nacional e internacional, que são os empreendimentos solidários construídos no Bairro Palmas, um dos bairros mais pobres do município de Fortaleza.

A Economia Solidária como um movimento em construção não escapará da crítica, pois terá grandes desafios a serem superados para se consolidar como um novo padrão de relações econômicas, em que o lucro será substituído pela distribuição justa e a solidariedade entre homens e uma relação harmoniosa com a natureza. A critica sempre será bem vinda, mas o deboche, não será tolerado.

O Fórum Sul Mineiro de Economia Solidária tomado pelo sentimento de indignação, pois esperava que a iniciativa do SEBRAE ao realizar o Seminário Comércio Justo e Solidário em nossa região, se constituísse num momento de sensibilização dos atores locais para a nossa causa, e acabou se revertendo numa tentativa de desconstrução da Economia Solidária pelo Sr. Álvaro Santos Neto. Neste sentido, apelamos à Diretoria do Sebrae, na pessoa do Sr. Diretor Presidente, Paulo Okamotto, para que tome providência para que o SEBRAE se abstenha de ter, em seus quadros, colaboradores, que são remunerados para disseminar preconceitos e ridicularizar os esforços dos que lutam por uma sociedade sustentável.

Ao mesmo tempo, apelamos para que o SEBRAE faça valer seus esforços de ser parceiro dos brasileiros, sendo parceiro também dos Fóruns de Economia Solidária, hoje presentes em todo o território nacional, protagonistas que não devem ser desconsiderados em iniciativas de sensibilização para as oportunidades do comércio justo e solidário.

Varginha (MG), 29 de agosto de 2007.

Coordenação Executiva do Fórum Sul Mineiro de Economia Solidária

Fórum Sul Mineiro de Economia Solidária
Incubadora de Cooperativa de Varginha
Av. Dr. Modena, 141 Bairro de Fátima
CEP 37010-190 Varginha - MG
Tel.: (35)3690-2529 (35)3690-2122

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