Prova de redação do vestibular da UFOP revolta movimentos negros.
A comunidade negra, representada pelos grupos abaixo assinados, vem a público repudiar a decisão da UFOP de incluir uma questão sobre racismo no último vestibular 2007. Causou estranheza aos afro-descendentes uma Universidade pública tratar da questão racial de forma tão superficial e tendenciosa, em particular a UFOP, que está inserida numa região onde 67% da população se auto-declara de cor preta. Mais ainda por ser uma Instituição que tem o respeito das famílias brasileiras que sonham ver seus filhos com um diploma universitário, uma esperança que ninguém pode lhes furtar.
Consideramos infeliz escolher como tema de redação uma fala da ministra Matilde Ribeiro em que duas outras autoridades questionam a posição da mesma. A solicitação de que se faça uma correspondência mais o desequilíbrio na argumentação que pende para a censura à fala da Ministra direciona a produção do texto.
Achamos que temas como esses devem sim vir a público, principalmente quando a Instituição já tem a sua opinião oficial sobre o assunto. O que não é o caso da UFOP. Então cabe perguntar. Porque a proposta de adoção de cota ainda não foi discutida? Será que a inclusão do tema na prova do vestibular, de forma tão tendenciosa, faz parte de uma estratégia dos contrários às cotas?
Questionamos ainda a competência sobre o tema dos profissionais que decidiram pela inclusão da questão na prova do vestibular. No mínimo, houve uma insensibilidade da Coordenação. A inclusão do
texto que tem por fim exigir aos candidatos que elaborem uma carta à ministra é uma incitação à perpetuação das diferenças raciais. Se a fala da Ministra está errada, a decisão de trazer o tema para uma prova de redação de uma universidade pública também comete o mesmo equívoco.
O povo negro que ao longo de mais dos trezentos anos trabalhou sem remuneração na construção desse país, que assistiu os emigrantes receberem terras e ajuda do governo brasileiro enquanto deixavam as senzalas em direção às favelas numa "suposta" liberdade, aguarda um posicionamento imediato da Instituição.
Prova de Redação da UFOP: 1) A proposta de Redação do Vestibular que a UFOP acabou de realizar pediu ao candidato que redigisse uma carta formal à Excelentíssima Senhora Ministra Matilde Ribeiro,
expressando a sua posição acerca do comentário que fizera à Rádio BBC-Brasil, com base nos seguintes textos: Texto 01 "A Ministra da Secretaria Especial da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, em
comentário, à Rádio BBC-Brasil, sobre a passagem dos 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo Império Britânico, disse: 'não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica ou numérica (sic) proíbe ou veta os direitos dos outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso.'" Texto 02 "A antropóloga Yvonne Maggie, professora titular da UFRJ, em entrevista dada a Marcos Strecker (Caderno MAIS, pág. 4, da Folha de São Paulo de 01/04/2007), disse: 'O que a ministra fez é grave. É mais do que racismo, é incitar o ódio racial.' E complementou, comentando sobre a política de cotas nas universidades: 'O objetivo da política de cotas não é democratizar o acesso ao ensino superior, não é produzir eqüidade na sociedade brasileira; é produzir um país dividido racialmente. Texto 03 "O advogado e jornalista Josemar Dantas, em artigo publicado no jornal Estado de Minas, Caderno Direito & Justiça, em 09/04/2007, página 02, disse: 'No caso da indulgência de Matilde Ribeiro, no tocante a manifestações ostensivas de intolerância racial, a infração assume dimensões alarmantes. Quem assim procede é a agente pública encarregada, em nome do aparelho estatal, de velar pela integração das diversas vertentes étnicas na comunidade nacional e combater, mediante invocação aos órgãos competentes, resquícios preconceituosos.'"
Assinado: FIROP (Fórum da Igualdade Racial de Ouro Preto). FOPPIR ( Fórum pela Promoção da Igualdade Racial.
A comunidade negra, representada pelos grupos abaixo assinados, vem a público repudiar a decisão da UFOP de incluir uma questão sobre racismo no último vestibular 2007. Causou estranheza aos afro-descendentes uma Universidade pública tratar da questão racial de forma tão superficial e tendenciosa, em particular a UFOP, que está inserida numa região onde 67% da população se auto-declara de cor preta. Mais ainda por ser uma Instituição que tem o respeito das famílias brasileiras que sonham ver seus filhos com um diploma universitário, uma esperança que ninguém pode lhes furtar.
Consideramos infeliz escolher como tema de redação uma fala da ministra Matilde Ribeiro em que duas outras autoridades questionam a posição da mesma. A solicitação de que se faça uma correspondência mais o desequilíbrio na argumentação que pende para a censura à fala da Ministra direciona a produção do texto.
Achamos que temas como esses devem sim vir a público, principalmente quando a Instituição já tem a sua opinião oficial sobre o assunto. O que não é o caso da UFOP. Então cabe perguntar. Porque a proposta de adoção de cota ainda não foi discutida? Será que a inclusão do tema na prova do vestibular, de forma tão tendenciosa, faz parte de uma estratégia dos contrários às cotas?
Questionamos ainda a competência sobre o tema dos profissionais que decidiram pela inclusão da questão na prova do vestibular. No mínimo, houve uma insensibilidade da Coordenação. A inclusão do
texto que tem por fim exigir aos candidatos que elaborem uma carta à ministra é uma incitação à perpetuação das diferenças raciais. Se a fala da Ministra está errada, a decisão de trazer o tema para uma prova de redação de uma universidade pública também comete o mesmo equívoco.
O povo negro que ao longo de mais dos trezentos anos trabalhou sem remuneração na construção desse país, que assistiu os emigrantes receberem terras e ajuda do governo brasileiro enquanto deixavam as senzalas em direção às favelas numa "suposta" liberdade, aguarda um posicionamento imediato da Instituição.
Prova de Redação da UFOP: 1) A proposta de Redação do Vestibular que a UFOP acabou de realizar pediu ao candidato que redigisse uma carta formal à Excelentíssima Senhora Ministra Matilde Ribeiro,
expressando a sua posição acerca do comentário que fizera à Rádio BBC-Brasil, com base nos seguintes textos: Texto 01 "A Ministra da Secretaria Especial da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, em
comentário, à Rádio BBC-Brasil, sobre a passagem dos 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo Império Britânico, disse: 'não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica ou numérica (sic) proíbe ou veta os direitos dos outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso.'" Texto 02 "A antropóloga Yvonne Maggie, professora titular da UFRJ, em entrevista dada a Marcos Strecker (Caderno MAIS, pág. 4, da Folha de São Paulo de 01/04/2007), disse: 'O que a ministra fez é grave. É mais do que racismo, é incitar o ódio racial.' E complementou, comentando sobre a política de cotas nas universidades: 'O objetivo da política de cotas não é democratizar o acesso ao ensino superior, não é produzir eqüidade na sociedade brasileira; é produzir um país dividido racialmente. Texto 03 "O advogado e jornalista Josemar Dantas, em artigo publicado no jornal Estado de Minas, Caderno Direito & Justiça, em 09/04/2007, página 02, disse: 'No caso da indulgência de Matilde Ribeiro, no tocante a manifestações ostensivas de intolerância racial, a infração assume dimensões alarmantes. Quem assim procede é a agente pública encarregada, em nome do aparelho estatal, de velar pela integração das diversas vertentes étnicas na comunidade nacional e combater, mediante invocação aos órgãos competentes, resquícios preconceituosos.'"
Assinado: FIROP (Fórum da Igualdade Racial de Ouro Preto). FOPPIR ( Fórum pela Promoção da Igualdade Racial.
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