500 anos esta noite
De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta
500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.
De onde vem essa mulher
que bate às portas do país
dos patriarcas em nome
dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto
e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e
fermentaram o pão.
De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas
não se detém,
protegida pelas mãos aflitas
dos pobres
que invadiram os espaços
de mando?
Reconheço esse rosto e
lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.
Por minha boca de clamores
e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa para contar
sob sol da praça
aos que nasceram e aos
que nascerão,
de onde vem essa mulher.
Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso
como centelha:
metal e flor, madeira e memória.
No continente de esporas de prata
e rebenque,
o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade,
o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro
e tirania
e lança luz sobre o rosto
dessa mulher
que bate às portas do
nosso coração.
As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.
Dilma se afarta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.
Nasce uma nova aurora:
Bom Dilma!
Pedro Tierra
Brasília, 31 de outubro de 2010.
De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta
500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.
De onde vem essa mulher
que bate às portas do país
dos patriarcas em nome
dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto
e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e
fermentaram o pão.
De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas
não se detém,
protegida pelas mãos aflitas
dos pobres
que invadiram os espaços
de mando?
Reconheço esse rosto e
lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.
Por minha boca de clamores
e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa para contar
sob sol da praça
aos que nasceram e aos
que nascerão,
de onde vem essa mulher.
Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso
como centelha:
metal e flor, madeira e memória.
No continente de esporas de prata
e rebenque,
o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade,
o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro
e tirania
e lança luz sobre o rosto
dessa mulher
que bate às portas do
nosso coração.
As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.
Dilma se afarta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.
Nasce uma nova aurora:
Bom Dilma!
Pedro Tierra
Brasília, 31 de outubro de 2010.
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