Negras de diferentes épocas serão homenageadas no Carnaval
sábado, 5 / março / 2011 por Daiane Souza
Por Daiane Souza
Instituído Dia Internacional da Mulher, 08 de março foi a data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975 para que nela fossem celebradas as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Este ano, a data cai na terça-feira de Carnaval e, por isso, blocos de rua da Bahia incluíram na programação homenagens ressaltando a mulher negra.
Por se tratar também de um dia de reflexão, são comuns os protestos contra a discriminação e a violência a que muitas, principalmente as negras, ainda são submetidas. Para marcar a data de reconhecimento, o bloco Cortejo Afro de Salvador buscou destacar a presença feminina. Na terça-feira, sua bateria será composta por 200 percussionistas, além de senhoras da terceira idade e baianas tradicionais.
Margareth - Ainda na capital baiana, o Afoxé Ilê Oyá reunirá 800 mulheres, em tributo às negras guerreiras, baianas e mães-de-santo que fizeram parte da história do terreiro. A idéia é apresentar à sociedade a força das que lutaram para preservar e divulgar sua religiosidade. No mesmo dia, a cantora Margareth Menezes e convidados ressaltarão, com canções, o valor da mulher brasileira no último dia de Carnaval.
Paralelamente aos shows e eventos de rua, referências negras serão recordadas de outras formas. Aproveitando o encontro de datas, a Secretaria de Promoção da Igualdade do estado da Bahia lança, ainda na terça-feira, o livro Carnaval no feminino. A obra é composta por 38 perfis de mulheres que têm fortes laços com a folia, dentre as quais se destacam Alaíde do Feijão, Negra Jhô e a ialorixá Jercília.
Guerreiras – Guerreiras de diferentes épocas lutaram para consquistar espaço na sociedade das mais diversas formas, todas enfrentando o obstáculo do preconceito de cor. Muitas alcançaram, além de respeito, posições inimagináveis para sua época. Conheça algumas dessas personalidades:
Antonieta de Barros (1901 – 1952)
Jornalista negra, educadora e primeira mulher a integrar a Assembléia Legislativa de Santa Catarina, Antonieta de Barros trabalhou em defesa dos direitos da mulher catarinense.
Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977)
Escritora e célebre intérprete lírica brasileira, radicou-se nos EUA, onde seguiu carreira. Quarto de despejo, sua obra mais conhecida, foi traduzida para 13 línguas.
Chica da Silva (1732 – 1796)
Escravizada aos 22 anos de idade, passou a viver com o contratador de diamantes português João Fernandes. Alcançou prestígio na sociedade local e usufruiu de regalias exclusivas das senhoras brancas.
Mãe Menininha (1894 – 1986)
Descendente de escravos, foi a mais famosa Yalorixá do País. Aos 28 anos, assumiu o Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê. Foi uma das principais articuladoras do fim das restrições ao Candomblé.
Tereza de Benguela (Sec XVIII)
Era a Rainha do Quilombo do Quariterê, em Cuiabá. Sob sua liderança, as comunidades negra e indígena resistiram à escravidão por duas décadas. Comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo.
Tia Ciata (1854 – 1924)
Cega desde os 17 anos, criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que produzia e distribuía gratuitamente livros em Braille. Foi considerada pela revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes de 2009
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