Capital Social: um ingrediente a ser considerado
Escrito por Dejalma Cremonese
05-Dez-2007
A aplicabilidade das políticas neoliberais globalizantes trouxe relações verticais autoritárias, impostas pelas leis do mercado, que obtiveram crescimento econômico pouco significante e, conseqüentemente, levaram a um agravamento dos problemas sociais em boa parte dos países latino-americanos. Como resposta, suscitou a criação e o fortalecimento de antigos e novos movimentos sociais contestatórios, que passam a utilizar os benefícios do capital social, proliferando relações horizontais de confiança mútua, redes de cooperação, associativismo e voluntarismo. Desta maneira, o capital social tem sido um instrumento eficiente para se contrapor à hegemonia da política econômica e, aos poucos, indicar novas relações sociais que direcionam para um novo modo de agir, mais solidário e participativo, fortalecendo a sociedade civil e o processo democrático.
Ao mesmo tempo em que se constata uma desilusão com o desempenho da democracia, bem como um elevado descrédito e desconfiança dos cidadãos frente ao desempenho dos governantes e instituições políticas, nada melhor que, através do capital social, se possa pensar estratégias que recuperem a credibilidade das instituições frente às demandas e exigências dos cidadãos contribuintes. Neste sentido, há uma conclusão geral aceita no meio acadêmico de que a consolidação e solidez da democracia de um país dependem de uma sociedade civil dinâmica e participativa, orientada para a valorização das normas democráticas, baseada na ética, na moral e nos costumes. Como afirma Baquero (2003), o capital social, frente à crise por que passam as instituições democráticas, surge como um bem público capaz de gerar um novo contrato social, baseado na cooperação recíproca, solidária e coletiva.
O debate em torno do capital social não é propriamente novo nas Ciências Sociais. Teóricos como Adam Smith, Tocqueville e Coleman já haviam sugerido que, quanto maior a participação dos indivíduos em associações comunitárias, com a valorização das normas e regras democráticas, maior seria a contribuição positiva para o funcionamento e consolidação da democracia. No entanto, é com a obra Making democracy work: civic traditions in Modern Italy (1993), de autoria do cientista político norte-americano Robert Putnam, que o conceito ganha notoriedade no meio acadêmico. Putnam investigou, por mais de 20 anos, as instituições públicas e a diferença do funcionamento do sistema democrático italiano. Os resultados evidenciaram que, em algumas regiões (norte), foi possível o bom funcionamento da democracia; em outras (sul), não se evidenciou o mesmo sucesso.
Por fim, é importante mencionar que, nos últimos anos, a temática do capital social tem evoluído para um nível de acalorados debates entre os teóricos das Ciências Sociais: alguns o têm utilizado como instrumento para suas pesquisas, outros se empenham na crítica e na contestação do conceito. O certo é que a análise do capital social continuará sendo, por um bom tempo, uma inspiração teórica entre os cientistas sociais (para o bem e para o mal).
Dejalma Cremonese é cientista político, professor do Departamento de Ciências Sociais e do Mestrado em Desenvolvimento da Unijuí (RS).
Site Pessoal: www.capitalsocialsul.com.br
E-mail: dcremo@hotmail.com
Escrito por Dejalma Cremonese
05-Dez-2007
A aplicabilidade das políticas neoliberais globalizantes trouxe relações verticais autoritárias, impostas pelas leis do mercado, que obtiveram crescimento econômico pouco significante e, conseqüentemente, levaram a um agravamento dos problemas sociais em boa parte dos países latino-americanos. Como resposta, suscitou a criação e o fortalecimento de antigos e novos movimentos sociais contestatórios, que passam a utilizar os benefícios do capital social, proliferando relações horizontais de confiança mútua, redes de cooperação, associativismo e voluntarismo. Desta maneira, o capital social tem sido um instrumento eficiente para se contrapor à hegemonia da política econômica e, aos poucos, indicar novas relações sociais que direcionam para um novo modo de agir, mais solidário e participativo, fortalecendo a sociedade civil e o processo democrático.
Ao mesmo tempo em que se constata uma desilusão com o desempenho da democracia, bem como um elevado descrédito e desconfiança dos cidadãos frente ao desempenho dos governantes e instituições políticas, nada melhor que, através do capital social, se possa pensar estratégias que recuperem a credibilidade das instituições frente às demandas e exigências dos cidadãos contribuintes. Neste sentido, há uma conclusão geral aceita no meio acadêmico de que a consolidação e solidez da democracia de um país dependem de uma sociedade civil dinâmica e participativa, orientada para a valorização das normas democráticas, baseada na ética, na moral e nos costumes. Como afirma Baquero (2003), o capital social, frente à crise por que passam as instituições democráticas, surge como um bem público capaz de gerar um novo contrato social, baseado na cooperação recíproca, solidária e coletiva.
O debate em torno do capital social não é propriamente novo nas Ciências Sociais. Teóricos como Adam Smith, Tocqueville e Coleman já haviam sugerido que, quanto maior a participação dos indivíduos em associações comunitárias, com a valorização das normas e regras democráticas, maior seria a contribuição positiva para o funcionamento e consolidação da democracia. No entanto, é com a obra Making democracy work: civic traditions in Modern Italy (1993), de autoria do cientista político norte-americano Robert Putnam, que o conceito ganha notoriedade no meio acadêmico. Putnam investigou, por mais de 20 anos, as instituições públicas e a diferença do funcionamento do sistema democrático italiano. Os resultados evidenciaram que, em algumas regiões (norte), foi possível o bom funcionamento da democracia; em outras (sul), não se evidenciou o mesmo sucesso.
Por fim, é importante mencionar que, nos últimos anos, a temática do capital social tem evoluído para um nível de acalorados debates entre os teóricos das Ciências Sociais: alguns o têm utilizado como instrumento para suas pesquisas, outros se empenham na crítica e na contestação do conceito. O certo é que a análise do capital social continuará sendo, por um bom tempo, uma inspiração teórica entre os cientistas sociais (para o bem e para o mal).
Dejalma Cremonese é cientista político, professor do Departamento de Ciências Sociais e do Mestrado em Desenvolvimento da Unijuí (RS).
Site Pessoal: www.capitalsocialsul.com.br
E-mail: dcremo@hotmail.com
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