segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Filosofia e suas influências no cotidiano Escolar

Filosofia e suas influências no cotidiano Escolar

Luis Cláudio Calmon e Valéria C. Gomes Calmon

O pensar, o criar, e o agir consciente libertam o ser humano e o transformam em sujeito de sua história.

A Filosofia é uma importante ferramenta para que o homem atinja a condição de ser humano em sua plenitude. O que distingue a nossa espécie das demais é exatamente a condição de livres pensadores.

O ser humano é um animal consciente de si próprio e de suas relações com o meio ambiente e com os demais indivíduos. Por isso, passa a ser responsável por todos os processos em que está envolvido.

A Filosofia é, portanto, uma luz criadora e desafiadora para que as pessoas possam enxergar a realidade de forma mais clara, tornando-se agentes de seu destino.

A relação da Filosofia com a Educação é visceral. Nesse sentido, tomemos como exemplo as palavras do professor Anísio Teixeira:

"Sendo a educação o processo pelo qual os jovens adquirem ou formam "as atitudes e disposições fundamentais, não só intelectuais como emocionais, para com a natureza e o homem", é evidente que a educação constitui o campo de aplicação das filosofias, e, como tal, também de sua elaboração e revisão.
Na antiga Grécia os filósofos eram professores e buscavam renovar os valores da sociedade e construir uma educação melhor e mais efetiva.

Anísio Teixeira acrescenta:

"Eram, pois, filósofos e reformadores. Os estudos filosóficos formais nascem, assim, como estudos de educação. Os sofistas foram os "primeiros educadores profissionais" da civilização ocidental".
A Educação trabalha o indivíduo como um todo e a Filosofia ajuda as pessoas a elucidar as incertezas, ou seja, buscar os porquês. Sem essa busca a Educação seria repetitiva, fechada em si mesma, assemelhando-se a simples adestramento, treinamento sem criatividade, decadente instrumento ideológico de dominação ou mera formação de força de trabalho a ser explorada por algum grupo dominante de plantão.

O grande desafio da Educação passa por moldar um ser pensante, formar um estudante para que se torne cidadão integral, orientado por conceitos próprios e valores reais, em prol do desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.

A Educação é um caminho a ser percorrido e não simples meta a ser atingida. Durante esse caminho forma-se um conjunto de valores e saberes que levam o homem ao discernimento e à escolha de seu rumo. Somente assim poderá o ser humano considerar-se livre.

Nesse processo, a Filosofia cria um enfoque crítico e reformador da educação, para auxiliar o educador a mediar o processo de construção do ser como sujeito integral, nas suas dimensões afetiva, social, econômica e moral.

A Filosofia deve sempre balizar os referenciais teóricos e as práticas educacionais de modo a evitar que se cristalizem em conceitos pétreos e dogmas inquestionáveis. No âmbito da Filosofia e da verdadeira Educação, nada pode ficar ao largo de nova perquirição no sentido evolutivo, sob pena de obstaculizar a identificação da realidade desejável.

Deve, também, orientar a construção de novos valores e formas de conhecimento intelectual, respeitando a subjetividade do ser e a necessidade de construção de bases éticas, morais e culturais tão relevantes para o desenvolvimento da vida em sociedade.

Filosofia e educação devem andar juntas na teoria e na prática, pensar e repensar os processos educativos, sem se transformar unicamente em prática exclusiva de especialistas em educação e sim de toda a comunidade educativa, entendendo-se como tal pais, alunos, professores, funcionários, pesquisadores e especialistas em educação.

Não se pode admitir a educação como processo adstrito à escola. A educação inicia-se em casa e passa pelos múltiplos segmentos do complexo político-social da comunidade que lhe corresponde, assim como pelos inúmeros instrumentos informativos e de divulgação.

O final do século XX e o início do XXI são marcados pela inquietação mental das pessoas em função da complexidade da vida moderna e dos reflexos da globalização que interferem direta ou indiretamente em nosso comportamento. Nesse cenário emerge a FILOSOFIA como instrumento de perquirição sobre o cotidiano, significados da vida moderna e questionamentos sobre nosso aqui e agora.

A escola, como agência de veiculação da educação formal, já sentiu esse movimento. Existem estabelecimentos que voltaram a adotar a Filosofia como ferramenta de desenvolvimento do pensar, tendo aulas de Filosofia na grade curricular, e alguns utilizam a Filosofia integrada a outras disciplinas.

As aulas passam a ser tratadas como excelente exercício do pensar. Há exploração da leitura de textos (os mais diversos - Geografia, História, contos, lendas, romances...) seguida de interpretação dirigida e, após a exploração textual, são introduzidas perguntas filosóficas que determinam o tom da discussão, o caminho da dúvida e da reflexão a serem enfrentadas, tornando riquíssima a experiência do pensar individual e em grupo e gerando um exercício perfeito de reflexão filosófica.

O grande papel da Filosofia na educação é esse: gerar dúvida, provocar a desconfiança, instigar a pesquisa e a procura de respostas, promover o desenvolvimento cognitivo através da reflexão sobre as coisas, provocando, enfim, a autonomia de pensar e agir.

A Educação e a Filosofia instrumentalizam os seres humanos para que possam atingir novos conhecimentos, desenvolver seu potencial criativo, enfrentar desafios, relacionar as informações e tirar as próprias conclusões.

A Filosofia está cada vez mais presente nos dias atuais, como veículo importante de análise e postura crítica perante todas as situações complexas e difíceis de serem entendidas.

Concluindo, não podemos deixar de afirmar, sem maiores digressões, que a Filosofia - como modo de reflexão da vida moderna - merece grande estímulo, aplicabilidade e desenvolvimento crescente no âmbito da educação.

Referências Bibliográficas:

TEIXEIRA. ANÍSIO S. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO.
http://www.prossiga.br/anisioteixeira/fran/artigos/filosofia.html
Download realizado em 01/10/2007

Fonte: Centro de Filosofia e Educação para o Pensar

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