De poder e de serviço
Nei Alberto Pies
“Quem procura governar os homens não o deve fazer desejando um bem para si mesmo.Um homem deve procurar governar os outros homens quando o coração lhe pede que se entregue; quando estala com dores que não são suas; quando descobriu a beleza que existe em fazer da vida um serviço”.(Paulo Geraldo)
Como seres inter-dependentes, todos precisamos e buscamos reconhecimento social. A forma como organizamos nossa vida pessoal e comunitária está impregnada de uma determinada visão de mundo. A política, como arte do bem-comum, vem perdendo terreno para outras visões onde, infelizmente, as vontades e interesses individuais prevalecem sobre os interesses coletivos. A democracia virou peça retórica. Cumpre resgatar o verdadeiro sentido da política e da democracia, sob pena de sermos tomados pelo pragmatismo egocêntrico, que nos impede de exercê-las em seu sentido mais amplo.
Muitas pessoas, ao ocuparem espaços de chefia em empresas, escolas ou em cargos públicos, são muito hábeis em construir seus projetos de poder. Para tanto, usam o expediente de “limpar a àrea”, tentando neutralizar a ação política de todos aqueles ou aquelas que ameaçam suas ações autoritárias. Outro expediente largamente utilizado é desconstituir as demais pessoas do ponto de vista pessoal e profissional, pregando sua incompetência e desqualificação. Por fim, quando julgam necessário, apelam para o expediente da humilhação, através da permanente pressão no local de trabalho ou da exposição pública dos conflitos.
Não basta ser alçado a um espaço de poder. É preciso ter legitimidade e reconhecimento dos pares para poder exercê-lo com autoridade de dirigente. É preciso também conquistar a confiança dos “dirigidos”, com base na compreensão, tolerância, respeito, ética, justiça e, sobretudo, pela coerência entre aquilo que se afirma e aquilo que se faz. A autoridade de uma pessoa sempre é medida pela legitimidade que ela construiu entre seus pares para estar aonde está.
O reconhecimento social faz parte de nossa construção de sujeitos. Como disse Paulo Freire, “ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social que tomamos parte”. A educação é um espaço de construção de sujeitos, por isso mesmo a educação que se pretende democrática, cidadã e emancipatória pressupõe práticas pedagógicas que levem (ou permitem) que os sujeitos sejam os porta-vozes de sua própria história, de sua própria cidadania. Pressupõe ainda que educadores e educandos estejam permanentemente avaliando as contradições que envolvem seus modos de ser, pensar e agir.
A democracia tem de ser um exercício cotidiano e permanente nas empresas, nas repartições públicas, nas famílias, nas escolas, nos mais diferentes espaços de trabalho. A humanização dos seres humanos passa pela democratização das relações sociais a que todos estamos envolvidos, cotidianamente. Nossas relações de convivência social serão mais saudáveis quanto maior for nossa capacidade de agir democraticamente.
Em nome da dignidade, da autonomia, do respeito e do amor próprio resistimos bravamente às mais diferentes práticas de poder autoritário. Democratizar as relações sociais significa, sobretudo, qualificar a nossa condição de humanidade, através da educação. A qualidade da educação também passa pela democratização. Se assim o é, vamos combinar que ainda temos muito mais a aprender do que a ensinar.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.
Nei Alberto Pies
“Quem procura governar os homens não o deve fazer desejando um bem para si mesmo.Um homem deve procurar governar os outros homens quando o coração lhe pede que se entregue; quando estala com dores que não são suas; quando descobriu a beleza que existe em fazer da vida um serviço”.(Paulo Geraldo)
Como seres inter-dependentes, todos precisamos e buscamos reconhecimento social. A forma como organizamos nossa vida pessoal e comunitária está impregnada de uma determinada visão de mundo. A política, como arte do bem-comum, vem perdendo terreno para outras visões onde, infelizmente, as vontades e interesses individuais prevalecem sobre os interesses coletivos. A democracia virou peça retórica. Cumpre resgatar o verdadeiro sentido da política e da democracia, sob pena de sermos tomados pelo pragmatismo egocêntrico, que nos impede de exercê-las em seu sentido mais amplo.
Muitas pessoas, ao ocuparem espaços de chefia em empresas, escolas ou em cargos públicos, são muito hábeis em construir seus projetos de poder. Para tanto, usam o expediente de “limpar a àrea”, tentando neutralizar a ação política de todos aqueles ou aquelas que ameaçam suas ações autoritárias. Outro expediente largamente utilizado é desconstituir as demais pessoas do ponto de vista pessoal e profissional, pregando sua incompetência e desqualificação. Por fim, quando julgam necessário, apelam para o expediente da humilhação, através da permanente pressão no local de trabalho ou da exposição pública dos conflitos.
Não basta ser alçado a um espaço de poder. É preciso ter legitimidade e reconhecimento dos pares para poder exercê-lo com autoridade de dirigente. É preciso também conquistar a confiança dos “dirigidos”, com base na compreensão, tolerância, respeito, ética, justiça e, sobretudo, pela coerência entre aquilo que se afirma e aquilo que se faz. A autoridade de uma pessoa sempre é medida pela legitimidade que ela construiu entre seus pares para estar aonde está.
O reconhecimento social faz parte de nossa construção de sujeitos. Como disse Paulo Freire, “ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social que tomamos parte”. A educação é um espaço de construção de sujeitos, por isso mesmo a educação que se pretende democrática, cidadã e emancipatória pressupõe práticas pedagógicas que levem (ou permitem) que os sujeitos sejam os porta-vozes de sua própria história, de sua própria cidadania. Pressupõe ainda que educadores e educandos estejam permanentemente avaliando as contradições que envolvem seus modos de ser, pensar e agir.
A democracia tem de ser um exercício cotidiano e permanente nas empresas, nas repartições públicas, nas famílias, nas escolas, nos mais diferentes espaços de trabalho. A humanização dos seres humanos passa pela democratização das relações sociais a que todos estamos envolvidos, cotidianamente. Nossas relações de convivência social serão mais saudáveis quanto maior for nossa capacidade de agir democraticamente.
Em nome da dignidade, da autonomia, do respeito e do amor próprio resistimos bravamente às mais diferentes práticas de poder autoritário. Democratizar as relações sociais significa, sobretudo, qualificar a nossa condição de humanidade, através da educação. A qualidade da educação também passa pela democratização. Se assim o é, vamos combinar que ainda temos muito mais a aprender do que a ensinar.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.
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