terça-feira, 15 de setembro de 2015

AS TRÊS ÁRVORES DA ESQUINA DOS AFLITOS E A NOVA FUCAM

"... Mas renova-se a esperança Nova aurora a cada dia E há que se cuidar do broto Pra que a vida nos dê Flor e fruto". Milton Nascimento / Wagner Tiso -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Por Gildázio Santos Ex Aluno e atual vice presidente da FUCAM --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A relação de quem viveu por muito tempo, morou ou fez uma visita um pouco mais duradoura ao Centro Educacional de Esmeraldas, em alguma medida se relacionou com a famosa "Esquina dos Aflitos" e suas frondosas e inesquecíveis três árvores. As árvores que testemunharam sob suas sombras, os choros de saudades, os suspiros de paixões juvenis, cantadas, beijos roubados, emprestados e consentidos, amores, desamores, afetos, desafetos, poesias, encantos, músicas desafinadas sussurradas aos ouvidos e até selinhos de despedidas. Que registraram medo dos perigos na esquina, anunciados por Belchior em sua canção Como Nossos Pais, com a voz rouca insistia em cantar: “... eles venceram e o sinal estava fechado pra nós, que éramos jovens.” Foi o berço de amores passageiros, duradouros e até eternos, conheço volumosas famílias que iniciaram com um beijo ou tapinha nesta esquina, com uma singela despedida, ao sair do ensaio do coral ou da igreja, o caro leitor também deve conhecer mais de um caso. Lamentavelmente, as três árvores, atingidas por fungos foram perdendo suas vitaminas e nos últimos anos, desnutridas foram golpeadas com uma doença fatal que as trouxeram a óbito. Diante da triste perda, a atual coordenação do Centro Educacional de Esmeraldas, decidiu cortar os caules, galhos secos e aproveitar de alguma forma a madeira. Também irá encomendar um estudo científico, para verificar quais outras espécies poderão ser plantadas em substituição as plantas históricas. Essa tarefa de plantio tende a ser realizado no período do dia árvore, próximo 21 de setembro, ou no início da primavera dia 23, de setembro, coincidentemente no dia do 103º aniversário natalício, do Coronel Manoel José de Almeida, Fundador da FUCAM. Nascer, reproduzir e morrer é o ciclo natural da vida de qualquer espécie, isso foi o que aprendemos nas primeiras aulas de Ciências. Algumas mentes brilhantes e profundamente inspiradas, com o suporte das mídias sociais começaram a relacionar a morte e o corte das árvores, ao trabalho da atual gestão da FUCAM. Tal iniciativa pareceu muito interessante e oportuna, o nascimento de uma “Nova FUCAM” que está em curso. A análise é simbólica e carregada sentidos, não cremos que alguém usou de maldade ou de má fé ao querer criticar a gestão. Neste momento é importantíssimo que se faça o controle social e as críticas qualificadas, que devem ser feitas nos espaços adequados. Porém, a morte das árvores e o corte dos caules e galhos não combinam com o atual momento da instituição. O que realmente caracteriza nosso presente é a oportunidade de plantar novas árvores. Elas definitivamente serão plantadas na "Esquina dos Aflitos" e serão plantadas em todos os solos férteis. A nossa “esquina” continuará sendo palco de novas histórias e uma Nova FUCAM, que será edificada nos pilares sólidos da História. A FUCAM será reinventada em sintonia com as leis. Elas carregam consigo as atuais políticas públicas da criança e do adolescente, juventude, da educação, da assistência social, do trabalho, agricultura familiar, da cultura. Tudo isso contribuirá decisivamente com a redução da pobreza rural e urbana por meio da profissionalização da juventude e acesso a renda, a economia popular solidária e ao empreendedorismo. "Já choramos muito Muitos se perderam no caminho Mesmo assim não custa inventar Uma nova canção Que venha nos trazer Sol de primavera Abre as janelas do meu peito A lição sabemos de cor Só nos resta aprender". Beto Guedes / Ronaldo Bastos

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