quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Poeta Bruno Grossi lança "O Grão Imastigável"

Poeta Bruno Grossi lança "O Grão Imastigável"

"O Grão Imastigável" é a primeira publicação do autor que em cada um dos seus poemas tenta dar materialidade aquilo que à priori é da ordem do indizível. Sua poesia se caracteriza pela profusão de imagens e sentidos que nos remetem sempre à morte e à negatividade. Suas escritas são construídas pelas "ruínas" ao seu redor, por suas experiências mais dolorosas e dilacerantes. Por certo, é uma negatividade produtiva, pois é a partir dela que o autor conforma sua obra.

Feito artesanalmente pelo próprio autor, o livro "O Grão Imastigável" possui como conceito a literatura como alimento. Para Bruno Grossi, as pessoas precisam consumir mais livros, engolir palavras, devorar sentimentos... Não é a toa que o livro é servido aos leitores dentro de uma marmita.

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Rua Gonçalves Dias, 1.581
Praça da Liberdade
R$10,00

Bruno Grossi
Poeta e Artista – MG

A minha arte não é contemplável. É visceral. É negra. A parte oculta da mente possui a essência da dor. Para mim, o mundo é obscuro, cinza e degradante... O ato de associar a angústia contida num universo paralelo com o tempo real é bastante inspirador. Na minha arte, se destacam as lacunas contidas nas frases, nos traços, nos movimentos e na sutileza das palavras mortas.

Bruno Grossi é mineiro nascido em 1979. Poeta, videomaker e artista. Teve poemas publicados no Brasil e do Exterior. Recebeu prêmio e participou de festivais com seus trabalhos de vídeo-arte. Está lançando seu primeiro livro de poemas "O Grão Imastigável".
E-mail:
brunogrossi.arte@gmail.com
(31) 8884.0913 –
www.caoxadrez.com/brunogrossi

Bruno Grossi nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. E é dessa terra, dessa gente, que busca suas inspirações. Como aconteceu com muitos mineiros, desde criança se envolveu com a literatura e com a arte.

Começou escrevendo, desenhando e lendo tudo que podia. Poemas, contos, quadrinhos. Além disso, produzia fanzines, compunha músicas e divulgava a cultura e a arte. Criou a Revista Nota Independente, com o objetivo de alavancar e incentivar todo tipo de expressão artística.

O cinema, a ilustração e a pintura completam as áreas de atuação desse artista interdisciplinar e multimídia. Nas artes visuais, produz vídeos-arte e curtas-metragens experimentais e complexos, já premiado em festivais.

Na literatura, viaja pelo que há de mais íntimo em seu ser. Caminha pelos sentimentos mais profundos e pela emoção. Navega pelo trágico... Para ele, dentro de cada ser há uma célula depressiva e má, há certo auto-desprezo, que surge da retraída angústia que vive em nosso interior. Isso o inspira e o envolve, fazendo-o escrever o que realmente sente, transformando-o em um "o outro". Um outro completamente instigante e envolvente.

Sobre o conto "Um só dia e um sentimento".
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Leia o conto no site ::

O conto me lembrou muito os poetas do "Mal do Século" e também um ensaio de Benjamin, onde ele discorre sobre a "negatividade produtiva" ou a melancolia. Aqui temos um sujeito literário soturno e ultra-romântico. Este último predicado se justifica justamente pela vertente literária que elege como motriz de seu texto: Álvares de Azevedo, Lorde Byron e cia tinham a morte como temática e o suicídio como única opção possível.

Nesse sentido, é interessante notar que embora você finalize o texto com um excerto do poema de Rimbaud, na verdade, esse funciona como uma espécie de epígrafe. Isso porque a passagem pode ser entendida como mote de seu conto. Não só a temática o aproxima dos ultra-românticos, mas também sua escrita. Trata-se de uma "prosa poética" ou com poesia. A poesia se caracteriza pela profusão de imagens e sentidos, em seu texto, notamos a criação de um campo semântico constituído por essas imagens nos remetem sempre à morte e à negatividade: nebuloso, dia escuro, velho, ranhuras, insípida, calejada, lunática, extinção, choro, vazio, sombra, névoa, silêncio, cego, surdo, impuros, malévolos, dentre tantas outras.
Aqui, entra Benjamin: o autor diz que a melancolia para muitos escritores torna-se matéria de sua própria escrita. Seria uma escrita construída pelas "ruínas" ao redor do autor, por suas experiências mais dolorosas e dilacerantes. Por isso, é uma negatividade produtiva, por que a partir dessa negatividade, o autor conformaria sua obra.

Esse processo de escrita ou de criação da obra é velho conhecido dos poetas, afinal são eles que tentam dar materialidade àquilo que a priori é da ordem do indizível. Acredito que encontrou há muito seu percurso. Agora, é seguir escrevendo...

A intratextualidade é também um aspecto de seu conto que merece destaque. Quando fazemos referências aos nossos próprios textos criamos um tipo especial de intertextualidade: a intratextualidade. No seu caso, só podia acabar mesmo em lirismo...
Elaine Morais (Mestre em Letras)

Da Consciência à Traumatização (Bruno Grossi)

Teus olhos despertaram
Ao nebuloso anoitecer
E por um instante
Seu corpo ali não estava.
Pensou em Deus, pensou no Diabo
Até se deparar
Com o seu próprio pensamento, o seu próprio ser.
Ficou assustado, atônito, desfacelado.
Não sabia como poderia ser assim...
Tão indeciso, tão atormentado.
Por quem?
Não há importância,
Pois o tormento o persegue desde sempre.

Desistiu então de pensar no quão difícil
Era evitar suas visões e audições.
Resolveu se contemplar
Com o que tinham lhe destinado.
E então disse:
- Me suicidaram. Suicidaram-me para
um mundo diferente,
no qual não se morre,
apenas aperfeiçoa-se
a lunática mentalidade.


Ao cair em sua própria razão,
Percebe que é apenas um simples
Ser que pensa e reflete sobre os
Seus próprios insanos e lógicos
Pensamentos psicotraumáticos
De suma importância.
Um ser natural que declara em
Sábias palavras o seu ardor:

"Às vezes eu choro,
Choro por nada,
Choro por tudo.
Pareço sentir o sofrimento,
O sofrimento do mundo,
De uma criança sem estudo,
De uma criança intelectual.
Pareço sair do corpo,
Um corpo ativo,
Um corpo parado.
A alma do vivo
Em um corpo deitado".

Cactos ( Bruno Grossi)

A sombra me persegue
Sob a névoa.
Não consigo me mover.
Sou incompreendido,
Preso em um muro
Ou em meu próprio pensamento.
Meus olhos já não fixam em algum lugar,
Como a lua pára para te olhar.
Estes vilipendiados olhos
Doem, choram e imploram
Para que fiquem só.
Não consigo me livrar
Do infortúnio calar.
Sinto pessoas a me olhar,
Como um animal devora
A sua insípida carniça.
Creio que irão matar-me.
Sinto-me desprotegido, frágil, inútil.
Sinto-me sem amor, sem dor e sem desejo.
Já não sei o que fazer,
Procuro a solidão
Para que a minha trágica energia
Não contagie as pessoas.
Para que o meu olhar
Não cruze com os demais.
Assim terei meus próprios sentimentos,
Meu próprio coração,
Que a cada despertar
Encontra o silêncio.
Estou surdo e cego,
Estou inválido.
Submeto-me ao inoportuno desespero,
Ao incômodo calar.
Viver agora dói,
Não mais a quero.

Malevolência ( Bruno Grossi)

Na magnificência da tristeza,
Um ardor latente em seu peito.
O ressonar da madrugada,
Amargura o teu ser.

Saudosa malevolência
No arrepender dos olhos,
Lacrimejados de rancor,
O consome, o maltrata,
Não perdoa sequer
Um momento infame
Do teu ardoroso coração.

O ecoar da noite (Bruno Grossi)
O ecoar da noite,
A destreza do olhar,
As mãos cálidas sobre a mesa
e um ladino pensar.
O vilipendiado amor,
Um varão massacrado,
Enveredando ao inconsciente
Pela vontade imprópria.
A vela, o fogo,
O mórbido calejar
das almas que
não param de chorar.

:: Bruno Grossi :: Cultura & Arte
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