quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Governo lança publicação cultural no Jequitinhonha, Mucuri e Norte de MG

Governo lança publicação cultural no Jequitinhonha, Mucuri e Norte de MG

Ter, 28 de Dezembro de 2010 04:20

A arte e a cultura enraizada nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e no Norte de Minas foram traduzidas em uma obra lúdica, no formato dos antigos almanaques, que recebeu o nome de Almanarte - Saberes e Fazeres da Cultura Popular. A publicação, da Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas (Sedvan) e do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), foi lançada em Belo Horizonte pela Editora Crisálida e é dirigida aos alfabetizadores e alfabetizandos do Programa Cidadão Nota Dez - Por um Brasil Alfabetizado.

O Almanarte foi escrito com o objetivo de ampliar o conceito de cultura no âmbito do Cidadão Nota Dez de modo a levar os participantes - alfabetizador e alfabetizando - a se reconhecerem como seres e sujeitos culturais, estimulando o reconhecimento de suas raízes e sua linguagem própria. "Isto porque muitos saberes e fazeres da cultura popular estão se perdendo devido a inúmeros fatores como as migrações do campo para a cidade, a valorização do progresso técnico obtido à custa da identidade do cidadão e da coesão familiar, algumas práticas religiosas que, por vezes, impõem restrições, entre outros fatores", explica o organizador do livro, Cid Wildhagen.

Partindo desse pressuposto, o livro foi cuidadosamente elaborado com base nas colaborações dos moradores locais, e passeia por vários assuntos: estórias, receitas, parlendas, causos, músicas, figuras, charges, festas, fábulas, saberes e sabores, tudo muito peculiar, buscados nas raízes de uma cultura.

De acordo com Oséias Ferraz, editor do trabalho, a ideia foi sair do viés acadêmico das edições anteriores realizada pelo sistema Sedvan/Idene e fazer um projeto mais lúdico e atraente. Segundo ele, um almanaque contém todas as informações relevantes, infográficas, pictográficas com um tom de humor, no agrado de qualquer leitor. "No Almanarte a informação tem um olhar de fora, das pessoas que participaram da execução do projeto, e um olhar de dentro, representado pelos textos enviados pelo povo simples da região: os artesãos, educadores, feirantes, donas de casa, benzedeiras", informa o editor. "Há inclusive participação dos alunos alfabetizados pelo programa Cidadão Nota Dez. Eles se tornaram, assim, atores e autores de suas próprias histórias".

Registro

Para o responsável pelo registro sobre as comunidades Quilombolas, Pablo Matos Camargo, o resultado final superou todas as expectativas. "A obra tem uma linguagem acessível, inclusive para os próprios quilombolas. São estórias curtas, ilustradas, fugindo do tradicional e resgatando os almanaques antigos", comemora. Pablo diz que "os Vales e o Norte de Minas são detentores de imensa riqueza cultural e representam uma 'ilha' que reflete um pouco do Brasil: com a presença de europeus, índios e africanos". O pesquisador lembra que o Vale do Gurutuba, no Norte de Minas, e o médio Jequitinhonha têm a maior concentração de comunidades quilombolas do País. "É um caminho para divulgar uma cultura desconhecida pela maioria dos brasileiros", conclui.

O Almanarte foi escrito com o objetivo de ampliar o conceito de cultura no âmbito do Cidadão Nota Dez

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