sábado, 15 de dezembro de 2007

Em Busca da Civilização Perdida

Em Busca da Civilização Perdida

Sabina Vanderlei
Estudos arqueológicos recentes apontam incríveis semelhanças entre as antigas civilizações de diferentes partes do mundo. Apesar destas culturas terem sido datadas de diferentes épocas, estudiosos observaram semelhanças entre todas essas construções, como por exemplo:

-> Há pirâmides construídas no Egito, no México, no Peru e na França.

->Todas essas civilizações adoravam seus reis como deuses;

->Suas religiões eram focalizadas na busca pela imortalidade da alma humana;

->Os sacerdotes eram brilhantes e sofisticados astrônomos e dominavam conceitos elevados de matemática;

->Eles escolheram lugares para habitar que acreditavam ser uma imagem oculta do paraíso; e

-> Todos esses monumentos possuem correlações com os astros no céu.

Essas civilizações tentavam alcançar o céu, alinhavam seus monumentos com as estrelas e o sol. Eles viveram em épocas diferentes, em lugares diferentes, mas as semelhanças são impressionantes.
Elas não existem mais, mas seus templos ainda vivem e todos os antigos conhecimentos sobre a vida e a morte estão ocultos nessas paredes de pedra. São pistas que nos levam a uma época em que em a principal preocupação era a busca da imortalidade.

CAMBOJA

Os antigos habitantes iam ao Templo de Angkor Wat, no Camboja, para buscar luz espiritual. Este templo foi construído usando medidas criadas pelos próprios sacerdotes, chamada de cúbito. As dimensões da fachada estão relacionadas com ciclos de tempo importantes para as crenças indianas. A medida do caminho que leva ao centro do templo, em cúbito, por exemplo, equivale ao número de anos da primeira era da cosmologia hindu (1728 anos). O local fornece também à segunda, terceira e quarta era, sendo tudo expresso em medidas. Há painéis extensos nas paredes do templo contendo hieróglifos que exibem cenas da mitologia e que também fazem referência às estrelas do céu.
Os antigos sacerdotes eram fantásticos observadores dos céus. Eles já sabiam que a Terra girava em torno do seu próprio eixo. Sabiam que durante uma noite as estrelas giram em torno do pólo norte do céu, mas a posição deste não é fixa no céu, ele percorre um círculo lento em torno de um ponto fixo durante 26 mil anos (este círculo é chamado de precessão), ou 1 grau a cada 72 anos. Os antigos podiam medir e codificavam isso no alinhamento dos templos em relação às estrelas do céu.
Existem 72 templos em Angkor. O caminho que leva à Angkor Wat tem um desvio de 3/4 do leste, e 3/4 de 72 é 54, número este que é repetido em toda Angkor. Este desvio anunciava que faltavam 3 dias para o Equinócio da Primavera. Somente no equinócio, quando a duração do dia é a mesma que a da noite, o sol alinhava-se com a torre central do templo.
Observando-se Angkor de cima, percebemos o formato de um dragão, com cabeça, corpo e uma longa cauda. Olhando-se para cima, percebemos a constelação de Draco. Mas os arqueólogos já haviam datado a construção deste templo por volta do ano 1150 a.C. No entanto, os cientistas usaram um computador para "voltar no tempo" e perceberam que a constelação de Draco foi vista no céu na mesma posição de Angkor pela última vez em 10500 a.C. A constelação de Draco fica diretamente oposta à constelação de Orion no céu.

EGITO

Símbolos de astros e deuses desenhados no teto da Câmara mortuária de Seth I, no Egito, indicam que para os egípcios a jornada pós vida era feita entre os astros.
Pirâmides gigantescas erguidas 1500 anos antes das primeiras tumbas serem construídas no vale dos reis foram locais onde os egípcios expressavam seus conhecimentos astronômicos.
No interior da pirâmide do Faraó Unas, supostamente a mais antiga, há um dos textos mais antigos, escrito há mais de 4300 anos, para o deus Osíris:

"Oh Rei Osíris
Você se foi, mas retornará.
Você adormeceu, mas acordará.
Você morreu, mas viverá.
A tumba estará aberta para você.
As portas do sarcófago foram afastadas para você.
As portas do céu estão completamente abertas para você."

Este texto reflete a viagem de Osíris para o céu, para o Dulat. Os egípcios representavam o Dulat com uma estrela dentro de um círculo e acreditavam que se tratava de uma região através das quais as almas deveriam viajar após a morte. O Dulat é governado pelo deus Osíris e ficaria próximo à constelação de Orion.
As paredes dentro desta câmara mortuária são repletas de hieróglifos e historiadores acreditam que são encantamentos mágicos.
As Três Pirâmides de Gizeh, no Egito, foram construídas por Kufu, filho de Snéfero. Seus arquitetos eram de uma escola de elite de sacerdotes e acreditavam que a terra egípcia era mágica, cósmica; seus faraós eram os representantes dos cosmos aqui na Terra. O Egito, segundo eles, era imagem da Terra cósmica, a Terra de Osíris.
Há diversos textos nas paredes das pirâmides que desperta a atenção de inúmeros historiadores. Eles dizem que haveria um Nilo no céu, que se supõe ser a Via Láctea. As passagens internas da pirâmide revelam um complexo sistema de engenharia ainda desconhecido.
O padrão das três pirâmides de Gizeh eram o das três estrelas do cinturão de Orion, ou seja, o Egito era uma terra cósmica, um espelho do céu.
Na Pirâmide de Kufu, há uma câmara chamada de "Câmara da Rainha" com um poço. Calculando-se o ângulo deste poço com o céu, achamos como alvo a Estrela de Sirius, identificada com a Deusa Isis, a figura materna dos egípcios e mulher de Osíris. No alto da pirâmide, há a câmara do rei cujo poço aponta para as estrelas do cinturão de Orion exatamente como elas estavam em 10500 a.C..
Os faraós freqüentavam as pirâmides em vida para se prepararem para a viagem que fariam após a morte para o Dulat. As pirâmides não eram apenas túmulos, mas sim uma espécie de simulador de vôo da viagem que o faraó faria para o paraíso.
No Egito há uma série de referências à Idade do Ouro, cujo deus mais evidente é Osíris. O seu templo foi construído supostamente há cerca de 3300 anos atrás. A mitologia conta que ele desceu do céu para governar o Egito na primeira era. Foi assassinado por 72 conspiradores, renasceu como deus-astro Orion, governado lá no céu pós-vida. Seu filho, Hórus, representado por uma cabeça de falcão, vingou seu crime restaurando o reinado do pai na Terra. Os faraós que reinaram depois se equipavam para juntarem-se a Osíris na pós-vida lá no céu e se tornarem imortais.
Os construtores das pirâmides de Gizeh já conheciam muito bem a distribuição das estrelas. Elas representam as três estrelas do cinturão de Orion e formam uma diagonal de 45o em relação ao eixo Norte-Sul. Essas estrelas foram vistas pela última vez nessa exata posição em 10500 a.C., quando encontravam-se no ponto mais baixo do ciclo precessional da primeira era.
Os arqueólogos afirmam que tais fatos são muito mais que meras coincidências. Os antigos projetaram um esquema que retratava a primeira era, ou seja, o faraó queria voltar à Idade do Ouro de Osíris.
Existem outros hieróglifos num templo no alto Egito que falam de uma ilha rodeada por um vasto oceano onde viviam deuses. Essa ilha foi inundada por uma enchente, mas 7 "deuses construtores" sobreviveram e escolheram ficar no Egito. Eles viajaram por esta terra construindo montes sagrados que seriam os fundamentos de tempos futuros e o objetivo era recriar o antigo mundo dos deuses.
A construção da Esfinge foi recentemente datada de 2500 a.C., provavelmente construída na 4a dinastia. No entanto, nenhum texto comprova isso. Há desenhos curiosos no corpo da Esfinge que, provavelmente, foram esculpidos pelo tempo, por exposição às chuvas pesadas. Mas em 2500 a.C. o clima do Egito já era muito seco, o que torna impossível essa chuva.
A Esfinge está perfeitamente alinhada com o leste. Seus olhos miram o sol nascente do Equinócio da Primavera. Em 10500 a.C. o olhar da Esfinge fitava a constelação de Leão no amanhecer do Equinócio da Primavera, o que nunca mais aconteceu. Em 2500 a.C. ela fitava a constelação de touro, mas seu corpo é de um leão.
Por enquanto, podemos concluir que, no amanhecer do Equinócio de Primavera de 10500 a.C. havia:

-> ao norte o Templo de Angkor alinhado com a constelação de Draco;

->a leste a Esfinge alinhada com a constelação de Leão; e

-> ao sul as Pirâmides de Gizeh alinhada com a constelação Orion.

O que os antigos pretendiam dizer com esses alinhamentos? O que eles significam? Por que foram feitos?

MÉXICO

As Pirâmides em Chichen Itza, construídas pelos Maias no México, foram provavelmente construídas há 1500 anos, segundo historiadores modernos.
Existem 4 escadarias com 91 degraus cada. Multiplicando-se 4 por 91 obtemos 364, acrescentando-se um da plataforma do topo, chegamos ao número 365, que equivale ao número de dias do ano solar.
O eixo principal que atravessa a pirâmide de sudeste a noroeste tem como focos o nascer do sol do solstício de verão e o pôr-do-sol do solstício de inverno.
O sol nasce em diferentes posições no horizonte a cada manhã. No curso de um ano ele avança e se afasta na linha do horizonte. O ponto central entre esses extremos é o Equinócio, que é quando os dias e as noites têm a mesma duração e o sol nasce exatamente no leste.
Nos solstícios de primavera e de outono pode-se ver um jogo de luz e sombras provocando a ilusão de uma serpente gigantesca subindo pela pirâmide. Segundo a Mitologia Maia, as Pirâmides em Chichen Itza foram construídas pelo Deus Serpente e todo o seu culto girava em torno da astronomia.
Há uma outra construção em forma de caracol que era o principal observatório astronômico dos sacerdotes maias. Existem portas e janelas para observar o sol, as estrelas e os planetas em posições particulares. Assim eles calculavam um calendário astronômico muito preciso. Eles previram um eclipse solar que ocorreu em 1991 na cidade do México. Eles tinham um medo mortal: acreditavam que o fim do mundo estava escrito nos céus, por isso estudavam-no. Previram um suposto cataclismo para 23 de dezembro de 2012. Será que eles acertarão de novo?

OUTROS LUGARES MISTERIOSOS

Também percebemos referências às estrelas do céu através de misteriosas linhas desenhadas no solo de Nazca, no Peru. Um gigantesco desenho de uma aranha, por exemplo, retrata o exato modelo da constelação de Orion. Nesta mesma cidade existem ruínas de pirâmides que estão bastante destruídas pelo tempo.
Em Callanish, na Escócia, Círculo de Pedrasforam alinhados com o céu, formando um excelente observatório astronômico. Eles são alinhados com o nascer do sol e da lua durante todo o ano.
Em Stonehenge, no sul da Bretanha, pedras marcam as quatro estações do ano e evidências astronômicas (alinhamentos com sol e lua) datam sua construção de 10500 a.C.
Em Carnac, na França, existem Pedras enfileiradas que atraem estudiosos e curiosos do mundo inteiro. Astrônomos e matemáticos teorizam que este local já era um observatório muito antes das pedras serem colocadas ali.
Estes antigos habitantes de Carnac já conheciam o cálculo da latitude e longitude, do diâmetro da Terra, conheciam trigonomia esférica e outros cálculos de matemática avançada e retratavam isso através das pedras.
Próximo a estas pedras há um local de elevação de terra e pedra em forma de uma pirâmide que esconde um cemitério. Misteriosos desenhos feitos nas paredes de granito revelam indicações astronômicas. A passagem do cemitério aponta para o nascer do sol no solstício de inverno.
Uma grande Pirâmide ao norte do México tem o cumprimento da base exatamente igual à Pirâmide de Gizeh, no Egito. Suas passagens subterrâneas são semelhantes com as passagens da Pirâmide-Cemitério de Carnac, na França e com as Pirâmide de Gizeh. O túnel e a pirâmide estão alinhados com as estrelas da Plêiade, que só acontecia duas vezes por ano.
Há uma rede de números repetidos no local que refletem a circunferência da Terra, o seu raio e o verdadeiro eixo Norte-Sul. Isso sugere uma astronomia de alta precisão, que seus construtores tinham medidas de espaço e tempo muito precisas.
Laventa é a mais antiga civilização do México. Era muito avançada, sua escrita ainda não foi decifrada e seus habitantes eram excelentes astrônomos. Havia pirâmides no local, mas a indústria petrolífera as destruiu. Também existem gigantescos rostos de pedras com feições humanas muito peculiares, pois refletem uma mistura de raças. Segunda as crenças desses habitantes, deuses povoaram esses locais.
Na Ilha de Páscoa, existem quase mil estátuas de pedras, algumas inacabadas, com várias toneladas cada uma. Elas estão de frente para o sol nascente em dias específicos do ano, tendo como alvo estrelas significativas. Trata-se de uma outra tentativa de ligar o céu e a Terra.
Esta ilha é o ponto mais remoto desabitado da Terra, distante 3200 km de qualquer outro lugar. Ela também é chamada por um nome que, na língua dos antigos, significa o "umbigo do mundo". Esta ilha fica a 144° a oeste de Angkor e a 144° a leste das Pirâmides de Gizeh e ambos estão separados um do outro por 72° de longitude.
Na Ilha de Yonaguni, na China, há uma estrutura no fundo do mar cujo cumprimento da base é exatamente igual ao cumprimento da base da Pirâmide de Gizeh. Existem valas que vão do leste a oeste. Estudiosos acreditam que sua construção data de mais de 9 mil anos e ela repousa sobre o antigo Trópico de Câncer, apontando para o sul.
Antigos habitantes de Cusco (que significa "umbigo"), no Peru, acreditavam que a Terra sofreria inúmeros cataclismos, que ela morreria e renasceria inúmeras vezes. Eles estudavam os astros cuidadosamente, pois temiam o cataclismo. Eles também acreditavam que as almas tornavam-se estrelas após a morte.
Há um templo central na cidade de Cusco que era o berço da religião e da astronomia. Eles também adoravam o sol (Inca significa "filho do sol"). Aliás, todo esse local foi adaptado para marcar o nascer e o por do sol. Os pilares laterais do templo marcam os extremos do sol no horizonte. Hoje em dia o sol está desalinhado porque houve mudança no eixo da Terra, mas cálculos mostram que o último alinhamento foi em 10500 a.C..
Os arqueólogos acreditam que a correlação entre todas essas construções tem um propósito. Os antigos acreditavam que o cataclismo que ocorreu causando o fim da era glacial era obra dos deuses, porque o cometa que se colidiu com a Terra vinha do céu. Eles supostamente sabiam que sua raça iria extinguir-se e por isso eles tentaram deixar seu legado para futuras civilizações.
Acrescentam que essas civilizações supostamente sabiam de algo que não sabemos. Os sobreviventes do grande cataclismo percorreram grandes distâncias para manter vivo esse conhecimento espiritual. Eles sabiam da missão da humanidade aqui na Terra e preocupavam-se em não perderem-se em ambições materiais, para que possamos nos equipar para a imortalidade. Todo esse conhecimento está escondido nos mitos, nos monumentos e na astronomia e ainda pode ser resgatado.

Bibliografia consultada: Hancock, Graham. As Digitais dos Deuses. Ed. Record.

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