sábado, 14 de julho de 2007

Juventude: Responsabilidade Social da Mídia

ARTIGOS

- 21/06/2007 - 10:13

Juventude: responsabilidade social da mídia

Gerson Flávio*

A mídia precisa ser responsabilizada pelos danos que tem causado à população jovem brasileira, especialmente a que vive nas periferias das grandes cidades. Desde crianças eadolescentes, as juventudes são diariamente desrespeitadas com conteúdos deformadores que vão das mensagens explícitas e subliminares das propagandas, ao total descontrole das programações que são transmitidas todos os dias e que deveriam passar por uma fiscalização mais rigorosa.

Já estamos cansados de saber que a era da globalização foi totalmente impulsionada pela mídia e podemos analisá-la a partir de suas externalidades positiva e negativa. Em matéria de externalidade positiva, fazendo um grande esforço, dá para destacar a capacidade/velocidade de informação, a variedade de entretenimentos e ao processo de atualização a que as pessoas dos recantos mais distantes do país tiveram acesso ao longo das últimas cinco décadas, especialmente depois da televisão. Quanto a externalidade negativa os aspectos mais evidentes são os esteriótipos que são criados e reforçados, a criminalização de indivíduos e de sujeitos coletivos, a estigmatização que gera entre outras coisas a baixa-estima, a perda de valores éticos e morais, a manipulação da informação. Estas e outras mazelas, durante anos e anos, vão causando uma verdadeira úlcera social, em especial entre as juventudes.

Como se tem interferido nesse processo provocado pela mídia, considerada o quarto poder na sociedade? Diferentes iniciativas foram desenvolvidas pela sociedade civil organizada, ao longo dos anos, algumas mais "legalistas", outras um tanto mais "rebeldes". Uma outra via tem apostado na formação dos jovens em comunicação, reunindo aspectos das duas tendências anteriores e procurando avançar na construção de uma estratégia que popularize cada vez mais a reflexão crítica da comunicação, o sentido da atuação da mídia, o significado das concessões públicas de rádio e TV, a adoção do novo padrão digital, além de outras e outras questões.

As principais conseqüências dessa formação específica da juventude podem ser traduzidas através da descoberta do papel da comunicação na sociedade (leitura crítica), a capacitação em determinadas linguagens, com a abertura de perspectivas no campo profissional, o despertar de jovens para o interesse no estudo da comunicação social, em especial o jornalismo e a publicidade, assim como as possibilidades de atuação no campo político. Um conjunto de experiências populares siginificativas tem sido realizadas em todas as regiões brasileiras, que se configuram em telecentros, centros de capacitação de jovens, iniciativas no campo da produção, incubadeiras de uma nova geração de empresas do campo da comunicação, dentre outras.

Podemos falar também em desafios que se colocam para os segmentos organizadores responsáveis pelas experiências que têm despertado o interesse de milhares de jovens pela comunicação. Talvez estejamos assistindo ao desabrochar de uma semente com enorme poder transformador e criador de um novo movimento que levanta a bandeira da democratização da mídia e da comunicação como um direito humano. Dentre esses desafios está a ampliação da leitura crítica da comunicação, atingindo os setores mais populares da sociedade brasileira, inclusive espalhando-se pelo interior do país, a afirmação da comunicação como um direito humano, a criação de fóruns e redes organizadas em torno da problemática da comunicação, a intervenção ativa no campo das políticas públicas e dos mecanismos de controle social da comunicação.


* Jornalista e educador do Centro de Comunicação e Juventude (CCJ) e da Escola Quilombo dos Palmares (Equip), além de membro do Fórum Pernambucano de Comunicação. (Fopecom)

Fonte: http://www.diaconia.org.br/

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