domingo, 8 de julho de 2007

A Filosofia e a construção do conhecimento

A Filosofia e a construção do conhecimento

Alberto Thomal

Neste artigo, queremos questionar posturas pedagógicas, dentro da educação, que envolvem um retorno aos métodos comportamentista e formal, excluindo qualquer abertura para novos debates pedagógicos, como a proposta de Piaget e Vygotsky.

Por mais que nosso conhecimento seja atualizado, ainda temos uma grande distância a percorrer no campo da prática pedagógica. A ergonomia cognitiva vem tentando diminuir esta distância entre a teoria e a prática, por isto este artigo é uma tentativa de colaboração, no sentido de aplicar a filosofia com criançãs, adolescentes e jovens no processo de cognição.

Paulo Freire nos alerta que o ato de ler antecipa e se alonga na inteligência do mundo. Se não enveredarmos nesta perspectiva, correremos o risco de travar a cognição. E ela acontece numa série de relações. É o que tentaremos apresentar neste artigo.

LEVANTANDO A QUESTÃO

A cognição é um tema que desperta muito interesse nos nossos dias. O interesse pelos computadores, o desenvolvimento das novas tecnologias e o ambicioso projeto do homem em criar, com os avanços tecnológicos, uma maquina que pensa e age como ele próprio, levam a crê que em breve isto poderá acontecer. Ou será que não? O desenvolvimento das ciências e tecnologias poderia mesmo levar a cabo este projeto? O acontecer das contínuas descobertas possibilitará, em breve, ver um homem máquina?

Querer comparar, nos dias de hoje, uma pessoa com um computador é no mínimo uma piada, senão um acinte para com as pessoas. Mas o que nos leva a tal descrença?

Não resta dúvida que há hoje uma grande diferença entre o computador e o homem. O computador é programado, tem um programa a desenvolver. Ele simplesmente executa o que foi determinado a executar. Suas funções se reduzem ao que lhe é determinado. É alguém que injeta nele um dispositivo de reação dentro do que já foi estabelecido.

Alguns dizem que somos também seres programados. Porem, há em nós uma certa independência que chamamos de livre arbítrio que faz com que alteremos inesperadamente o que parecia determinado e certo. Basta, em certos momentos, olhar uma mesma realidade sob ângulo diferente, para podermos
alterar nossa opinião ou ponto de decisão. Estes são alguns aspectos que hoje nos fazem distinguir da automação.

Mas a questão maior a que queremos levar a refletir neste artigo é: "O que é decisivo nas nossas escolhas. Quais são os fatores que nos permitem a cognição humana?".

COGNIÇÃO E O HOMEM

O cérebro humano é um poderoso processador de informações. Seu funcionamento se dá através de uma interminável reação a impulsos elétricos e troca de substancias químicas. Mas, será que é isto que faz realizar dentro do homem o conhecer? E são estas reações que o levam a fazer suas escolhas?

Se reduzirmos a capacidade de cognição a impulsos eletro-neuro-químicos, não resta dúvida de que estaríamos prestes a produzir uma replica do homem um uma máquina. Vê-se que o homem não é só inteligência, e que sua capacidade intelectiva não poderia ser medida pelo desenvolvimento da sua capacidade de armazenas dados. Aliás, neste ponto sairíamos perdendo para o computador.
Não por que não conseguimos armazenar dados, pelo contrario, nós temos uma capacidade de registrar de 10 a 100 bilhões de bits por segundo (Fialho, 2001), mas por não termos a exatidão de um computador. A nossa capacidade de fazer intersecções é tanta que nos permite entrar por campos nos quais nunca ainda havíamos entrado antes. A possibilidade de fazer intersecções com estas informações é maior que o número de partículas atômicas que compõem o universo, e estima-se em dezenas de trilhões de conexões (10:100).

O que nos deixa extasiados é que, diante de tantas informações que são recebidas pelo nosso cérebro, temos a impressão de que não as retemos todas.
Entretanto, nós as retemos todas, mas o que impressiona a mente são apenas os fatos mais significativos. Basta você olhar uma flor. Somente quando nos atemos com mais atenção aos dados colhidos na observação é que podemos perceber quantas informações ficaram retidas em nós sem nos darmos conta, como o tamanho, as cores, a altura, o cheiro, a estética, a intensidade da luz, do calor... quando olho uma flor não a vejo só, isolada. Esta flor está voltada para mil outros objetos que estão ao seu redor e que fazem parte deste contexto, com os quais ela se relaciona. A teoria da Gestalt desenvolve bem este tema.

A Gestalt irá criticar a abordagem behaviorista, por considerar que o comportamento, quando estudado de maneira isolada de um contexto mais amplo, pode perder seu significado. O comportamento deveria ser estudado nos seus aspectos mais globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção do estimulo. Rudolf Ashein (1980) dá um bom exemplo da tendência à restauração do equilíbrio na relação parte-todo:

"De que modo o sentido da visão se apodera da forma? Nenhuma pessoa dotada de um sistema nervoso perfeito apreende a forma alinhavando os retalhos da copia de suas partes... o sentido normal da visão... apreende um padrão global".

Se tivéssemos de reproduzir tais intersecções num computador, precisaríamos de centenas de computadores de alto nível trabalhando interligados para conseguir fazer escolhas e ações como nos a fazemos. Comentário à parte, esta é uma das dificuldades para o homem chegar a construir uma máquina que pense e aja como nós, seres humanos. Isto implicaria num enorme e gigantesco emaranhado de fios e condutores, alem de aparelhos interligados que tornariam o conjunto pouco pratico e eficiente. Sendo assim, podemos notar que a mãe natureza tornou corpo, embora pequeno, um instrumento poderosíssimo e inimaginável.

O que é conhecer? Os filósofos tentam estabelecer um parâmetro que poderíamos dizer "metafísico" do conhecimento.

Mais do que uma operação dos impulsos elétricos e troca de substancias químicas, o processo do conhecimento passa por uma série de outros fatores que vão incidindo no cérebro e que implicam nas questões mais elementares da vida, desde a condição biológica, passando pela emoção, a cultura...

O SUBSTRATO BIOLÓGICO

É a base para compreender toda a nossa existência. A função biológica acontece no interior do sistema vivo, mantendo sua organização diante das perturbações que sofre. Alem de sistematizar e organizar vivo, a biologia determina os limites da aprendizagem. O sistema biológico é o sustentáculo para qualquer outro fenômeno humano que ocorra. É aqui que se realiza o processo químico-físico do cérebro, o que faz dele o campo de produção do conhecimento.

"A função biológica se refere à sensação, a relação de adaptação entre o sujeito e o objeto em nível neuronal. A função pedagógica dada pela percepção, é o conjunto de mecanismos de codificação e coordenação das diferentes sensações elementares,. Visando um significado. Faz a integração das diversas sensações: ver, ouvir, cheirar, sentir, etc... estando ligada ao percept, o mapa mental que permite ao sujeito conhecer determinado objeto, segundo a sua percepção. A função cognitiva é a episteme de conhecer, constrói um mundo na mente do observador. É ela que dá o significado" (Fialho, 2001).

Podemos tentar explicar a mente a partir do cérebro. Para tanto, teríamos que entender como, a partir do processamento de impulsos eletroquímicos, se gerariam os símbolos. A mente processa símbolos, seres misteriosos que escapam, ainda, Ã investigação dos cientistas, mas não a sua curiosidade (Pinker, 1998). Desse modo, vê-se que os símbolos, mediadores da compreensão da realidade pelo homem, tem sua origem em processos biológicos.

AS SENSAÇÕES

O processo cognitivo necessariamente passa pelas nossas sensações. O nosso corpo passa a ser catalisador e decodificador dos sinais externos para o interior do nosso corpo.

"O organismo humano dispõe de cerca de um bilhão de receptores. De cada órgão dos sentidos se originam sequências de impulsos que passam por milhares de condutos nervosos em direção ao sistema nervoso central. Cada um destes condutos e capaz de transmissor de informações à cerca de 10 a 100 bits/s., de modo que a entrada máxima de informação é de 10 a 100 milhões de bits por segundo, atinge a consciência" (Fialho, 2001).

São as nossas sensações que vão construindo o significado. Os sistemas visual, auditivo, olfativo, tátil e gustativo geram diferentes graus de sensibilidade ao sistema cognitivo, permitindo a captação de uma amplidão de dados. Tosos estes dados são conectados e direcionados ao cérebro em frações
de milionésimos de segundos. E o mais espantoso no nosso sistema é que todos estes órgãos dos sentidos tem uma ação independente e, ao mesmo tempo, são conectados e interligados, sendo-nos possível utiliza-los em associação simultânea em nossa experiência cotidiana.

EMOÇÕES

Nossas emoções não surgem de um simples estado de sentimentos. Os neurotransmissores, conforme as substâncias químicas que envolvem os neurônios, como a dopamina, serotinina e outros, produzem diferentes atividades cerebrais, como o controle do amor, a percepção da dor...

"Emocionalmente o neurônio é um camarada desinibido e afetuoso. (...) promove processos eletroquímicos extremamente sensuais nas sinapses. Adoram a vida em família. No córtex cerebral convive pacificamente em clãs, como os estrelados e os piramidais. Quando o neurônio 'pensa' tem clara sua missão de movimento o complexo mecanismo que permite ao homem raciocinar, tomar decisões e se apaixonar" (Fialho, 2001).

A COGNIÇÃO

Aqui estabelecemos a diferençã entre nosso pensamento e o das correntes inatistas, que reduzem a cognição a um ato simplesmente isolado do nosso corpo ou a um processo neuroquímico (como ação e reação dos neurônios), excluindo o meio em que vivemos e toda a carga genética. Isto simplificaria
demais a vida e as relações humanas. Nós estaríamos sujeitos aos ditames do biológico.

O processo cognitivo tem uma gama de incalculáveis relações. Como vimos, não podemos responsabilizar isoladamente as emoções, os sentidos, o cérebro, como aquilo que determina o processo cognitivo.

Muitas emoções são inibidoras dos nossos processos de conhecimento ou até geradoras de novas situações ou de criações de estados que modificam completamente o vivido ou experimentado.

"Vi terras de minha terra,
Por outras terras andei,
Mas o que ficou fatigado
Foram as terras que inventei".
(Manoel Bandeira)

Há mundos que criamos, reconhecemos mundos que são inexistentes. O processo cognitivo passa por estágios e tantos elementos que praticamente passam por alterar o nosso próprio conhecer. Estes estágios e elementos são emoções, os sentidos, a cultura, o cérebro e seus processos neuroquímicos.

Em o "Erro de Descartes", Cândido Damásio demonstra, através de alguns fatos, que pessoas que tiveram afetadas partes ou regiões do cérebro podem alterar completamente sua concepção das coisas e do mundo ou a forma de conhecê-las.

O processo cognitivo passa pelo cérebro, mas há outros mecanismos externos ao cérebro que passam a incidir sobre o processo cognitivo, que parece até superar ou aperfeiçoar estágios anteriormente inalcançáveis.

Há várias teorias que se tem proposto ao longo da história, para explicar o processo cognitivo. Entre estas teorias, destacamos a teoria de Gestalt e a teoria associacionista.

TEORIAS DA PERCEPÇÃO

A teoria da Gestalt desenvolve sua pesquisa no sentido de que a percepção do conjunto precede a das partes isoladas, que são o conjunto coerente de quaisquer objetos, coisas ou processos que ocorrem diante dos nossos sentidos.

A esse respeito, Vygotsky (1998) ressalta que "... constitui na percepção, a soma das sensações isoladas, dispares e dispersas do seu substrato fisiológico, e não simplesmente um grupo de excitações isoladas associadas".

Na teoria associacionista, a percepção infantil é completamente análoga a teoria geral do desenvolvimento mental. O processo de cognição se dá desde o nascimento, e consiste na faculdade de associar, de unir tudo o que é percebido de forma simultânea ou numa frequência próxima. A cognição, nesta teoria, consiste na constante acumulação dessas associações, em decorrência das quais a criança vai formando cada vez mais nexos objetais.

"Portanto, a percepção categorial não é levada a cabo numa série de fenômenos biológicos rudimentares que perderam seu significado, que não desempenham um papel importante no desenvolvimento cultural do homem"
(Vygotsky, 1998).

Piaget, estudando o processo de cognição na criançã, considera fundamental o fato de que o meio ambiente influencia, com seus dados, para a cognição. A partir disso, será elaborada uma representação pictórica ou simbólica que irá determinar a exteriorização dos dados. É o processo cognitivo que se desencadeia.

Schopenhauer, na sua exposição filosófica, afirma que o mundo é fruto da nossa representação. Utiliza os instrumentos do conhecimento de sua época e elabora a teoria das representações. O mundo já não é uma construção objetiva, mas subjetiva. Isto é, o mundo é fruto das nossas percepções das situações, que levariam à construção do conhecimento.

Então, o processo de conhecer se torna tão amplo e externo que escapa aos primeiros princípios dos primeiros filósofos, para as quais conhecer é ter posse.

A Filosofia para crianças e adolescentes e o conhecimento.

Independente das correntes e tendências filosóficas, psicológicas e científicas sobre o conhecimento, a questão cognitiva ganha um caráter mais pratico e pedagógico.

Mathew Lipman, ao estruturar o programa de filosofia para crianças, não descuida de todas estas contribuições que surgiram ao longo da historia para responder aos ensaios e questionamentos da filosofia.

Compreendia que o desenvolvimento da cognição se dá através do exercício de várias habilidades mentais. Estas habilidades não podem ser consideradas estanques. Pelo contrario, não só interagem mas acontecem concomitantemente.

A percepção e a harmonização das 54 habilidades desenvolvidas no seu programa de filosofia são aplicadas de uma forma espontânea e natural. Justamente pela maneira de cuidar e por em praticas estas habilidades é que Lipman cria um modo de fazer filosofia diferenciado das outras praticas pedagógicas.

Numa única atividade, não só podemos desenvolver cinco, dez ou mais habilidades, visto que elas interagem e desencadeiam outras formas de atuar sobre os temas, ao mesmo tempo em que se tornam atrativas, como também possibilitam a construção de um conhecimento partilhado. Um exemplo pratico é que , ao ler um texto, posso solicitar aos alunos para agrupar idéias, relacioná-las, classificá-las e ordená-las. Ainda utilizando a mesma atividade, podemos associar, descrever, ponderar, argumentar, sintetizar, pressupor, inferir, deduzir, induzir, etc...

Estas habilidades e outras tantas abrem espaço para promover um maior campo de ação e de envolvimento da capacidade cognitiva. Abre-se espaço para desenvolver outras formas de saberes, outras formas de "inteligências", no dizer de Golleman (1995) em "A inteligência emocional".

A intenção do programa de Lipman é de atingir não só uma área da cognição, mas ampliar e tocar a cognição em seu sentido mais amplo, que abrange tanto a emoção e a efetividade como as áreas neuroquímicas e funcionais.

Desta forma, o programa de filosofia para criançãs, jovens e adolescentes quer trabalhar o tempo todo com o maior numero de habilidades cognitivas e construir o conhecimento num todo interativo, facilitando a possibilidade de simplificar a complexidade cognitiva para que se otimize o processo educativo.

O aluno proposto pelas escolas comportamentista skineriana ou da Gestalt, desenvolve parte do complexo cognitivo dando uma atenção muito grande ao aspecto mnemônico e esquecendo de outros fatores tão importantes quanto o da inteligência emocional, afetiva.

Dentro desta perspectiva vemos uma plêiade de autores acenando para este novo paradigma que é de uma visão mais abrangente do conhecimento.
Encontramos um Jostein Gaarder em "O mundo de Sofia", To Morris em "Filosofia para Dummies: o jeito divertido de aprender como usar os ensinamentos dos mestres no dia-a-dia" e outros que vem trazendo um novo modo de despertar a construção do conhecimento.

"O homem é, por essência, um animal simbólico. Toda estrutura de conhecimento, de descoberta e de relacionamento se dá através dos signos. A nossa tentativa de adquirir novos conhecimentos é sustentada pela pratica mental de relacionar os signos" (Alberto Thomal, 2001).

CONCLUSÃO

"A importância do ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra; antecipa-se e se alonga na inteligência do mundo. A percepção sobre a leitura se dá entre as relações do texto com o contexto" (Paulo Freire, ?)

Este é o desafio que se nos apresenta para juntos realizarmos. Saber ler e interpretar os signos, não como alguém que lê e não sabe o que leu. Não como uma leitura desprovida de sentido e de significado. Mas uma leitura grávida de signos e símbolos para nós e para nossa comunidade. Através da pratica do contexto em que vivemos, podemos construir o nosso modo de ser e de se apresentar a este mundo a desbravar. E podemos parafrasear um filosofo contemporâneo que profetizou: "O homem está apenas no mundo da caverna do seu conhecimento". Temos muito que trilhar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAGNANO, Nicolau. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

ARNHEIN, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora.
São Paulo, Pioneira/EDUSC, 1980

ARRUDA, Maria Helena. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1990.

CHAUI, Marilena et alii. Primeira filosofia. 6ª ed. São Paulo: Brasiliense,
1984. DAMASIO,

CHAUI, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.

CHAUI, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo: Ática, 1994.

DUSSEL, Enrique D. Método para uma filosofia da libertação. São Paulo:
Loyola, 1986.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. São Paulo: Cia das letras. 1996.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que define
o que é ser inteligente. 48 ed Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

FIALHO, Francisco Antonio Pereira. Introdução as Ciências da Cognição.
Fpolis: Insular, 2001.

MORRIS, Tom. Filosofia para Dummies: o jeito divertido de aprender como usar os ensinamentos dos mestres no dia-a-dia. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

PINKER, ?. Como a mente funciona.

THOMAL, Alberto. O Desafio de Pensar sobre o Pensar. Investigando sobre a teoria do conhecimento. Col. Inicio de uma Mudança. Fpolis. Sophos, 2001.

VIGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Texto publicado na Revista Brasileira de Filosofia Fundamental - PhiloS Revista Nº 17

FONTE:Centro de Filosofia Educação para o Pensar

http://www.centro-filos.org.br/professores/?action=artigos&codigo=25

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