domingo, 6 de julho de 2008

O lugar do Ensino Paralelo

Centro de Filosofia Educação para o Pensar

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E MULTIMÉDIA: O LUGAR DO «ENSINO PARALELO»

1. Apresentação

Privilegiando-se, no contexto situacional da temática global da comunicação, a dimensão específica da denominada «comunicação escolar» e no seio desta as dimensões da confirmação e da infirmação, fazendo-se convergir esta análise para o processo de ensino-aprendizagem, seria deveras redutor – face ao estado actual de desenvolvimento das tecnologias e dos processos informativos perfeitamente ao alcance de todos nós e cujo poder de persuasão é inegavelmente instalado nas mentes dos jovens errantes – não reservar um momento da nossa reflexão geral sobre a Educação à abordagem desta matéria, tendo especialmente em consideração a influência da imagem e dos meios de comunicação audiovisual no âmago da educação escolar propriamente dita, pelo menos aos níveis mais notórios e imediatos que esta problemática enferma.

2. A "escola normal" e a "escola paralela": da aprendizagem pelo texto oral/escrito à aprendizagem pelo texto icónico

A chamada cultura audiovisual, que se tem situado sempre no primeiro lugar de todos os "topes" dos meios de comunicação de massa é, inegavelmente, transmitida por um tipo de imagem particularmente concebido e em cuja concepção se pesam todos os pormenores, com o intuito de alcançar a maior persuasão e eficácia junto do espectador, a qual é deveras mais forte e tremendamente mais influenciável não só do que as palavras, mas também do que as ideias que elas possam transmitam, por mais brilhantes e sugestivas que sejam, quer em termos do respectivo conteúdo, quer no que concerne ao respectivo modo de apresentação.

O primado da visão, em relação aos restantes órgãos dos sentidos, sempre foi destacado, desde a Grécia Clássica, mesmo pelos filósofos mais vincadamente idealistas/racionalistas, como é o caso de Platão (427-347 a.C.). Esta tese é, agora, cada vez mais obvia, tendo surtido, como é do conhecimento comum, alterações ao nível dos processos de desenvolvimento da inteligência, consubstanciados num aumento progressivo e determinante da capacidade intuitiva, em função de um certo empobrecimento e até mesmo detrimento da capacidade reflexiva, que, por exemplo, a cultura da leitura e da escrita naturalmente exige.

Importa definirmos, antes de procedermos à definição e análise do conceito de imagem, o que entendemos por inteligência, por intuição e por reflexão, recorrendo a leituras filosóficas e psicológicas, uma vez que a compreensão destes conceitos é fundamental, não apenas para a determinação adequada do processo de ensino-aprendizagem, como para o entendimento do funcionamento dos processos mentais do educando e, por consequência, para a delimitação, por parte do docente, do tipo de comunicação/categorias comunicacionais mais eficazes, face à caracteriologia apresentada por cada aluno/grupo-turma.

3. Inteligência e multimédia: do reflexivo ao intuitivo

Devemos distinguir, num primeiro momento, as expressões "conceito de inteligência" e "natureza da inteligência". Relativamente à primeira, e tendo em consideração a sua etimológica (do latim "intelligentia"), o termo "inteligência" significaria apenas a "qualidade do que é inteligente" (do latim intus = inter + legere = eligere), ou seja, "ler dentro", "escolher entre", "discernir", remetendo assim para aquele que tem a capacidade de penetrar nas coisas, captar a sua intimidade ou a sua essência. Porém, e em virtude dos variadíssimos equívocos da linguagem psicológica e filosófica, o termo aparece como sinónimo de entendimento, de intelecto, de razão, de ser espiritual, para designar funções cognitivas, incluindo as sensoriais.

No que concerne à "natureza da inteligência" propriamente dita, e tendo por referencial básico os aspectos mais recentes da investigação científica, destacam-se duas linhas fundamentais: a psicotécnica e a psicológica. A primeira debruça-se sobre o estudo da inteligência pelo cálculo factorial e pela inteligência medida pelos testes; na segunda linha, encontramos a "escola funcional", que descreve o conceito como mecanismo de adaptação ao meio, e a "escola gestaltista" que tenta explicá-lo em termos do conceito de "organização".

Não obstante o conceito de "inteligência" ainda permanecer basicamente indefinido, entendemo-lo, grosso modo, como o "poder" ou a "força" do raciocínio; como a "energia" ou a "capacidade de resolver problemas" 1. Segundo esta perspectiva, consideramos que a inteligência integra, pelo menos, três componentes fundamentais:

a) a capacidade de adquirir e acumular experiências, a qual comporta a aptidão que permite compreender as relações entre os elementos de uma mesma situação;

b) o modo de aplicar útil e racionalmente as experiências adquiridas e retidas na memória;

c) a capacidade de adaptação às múltiplas situações emergentes e aos respectivos elementos, de molde a realizar os próprios fins determinados e a resolver os eventuais problemas que se oponham à obtenção desses mesmos fins.

A inteligência é integrada por duas funções essenciais: uma adaptadora e inovadora; outra ordenadora e reguladora. Assim concebemos a «inteligência como um dinamismo psíquico ordenado a conhecer a consciência do mundo, a criar um comportamento universal e individual e a influir na consciência do mundo». A explicação mais detalhada desde dinamismo essencial à vivência e à sobrevivência de todo o ser humano, indica-nos que as suas funções associadas encontra-se:

a) na aquisição de experiências, entre as quais se destaca a atenção, a capacidade de retenção, a distinção e o treino;

b) na ordenação das experiências, onde encontramos mecanismos como a combinação e a crítica;

c) na conservação das experiências, onde se destaca a memória;

d) na aplicação das experiências, face à qual são accionados os mecanismos de reconhecimento de situações, o juízo, a aplicação do processo adequado e o sentido comum.

Digamos que a inteligência se apresenta – partindo-se de uma tentativa de conjugação dialéctica das múltiplas e quiçá paradoxais teses sobre este conceito, cuja cabal definição continua a escapar aos maiores especialistas neste domínio – como «o conjunto de todas as funções que têm por objecto o conhecimento, ou seja, a sensação, a associação, a memória, a imaginação, o entendimento, a razão e a consciência» 2.

Para ler o conteúdo desta excelente conferência na íntegra, clique no arquivo abaixo:



COMUNICACAO_INTERPESSOAL_E_MULTIMEDIA_ARTIGO.doc


(formato MS Word - 83 KB)

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