sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Giro Cultural Areté Educar

Quem Estiver em Belo Horizonte, vale a pena conferir a fenomenal exposição da obra de Gringo Cardia no Palácio das Artes, hoje durante o horário de almoço eu tive a felicidade de contemplar essa beleza de gigantesca criação.

Gildázio Santos

Doutor da beleza - 28/02/08

Gringo Cardia faz retrospectiva no Palácio das Artes. Exposição será aberta amanhã, com exemplares de seu trabalho como arquiteto, cenógrafo, fotógrafo, videasta e design gráfico


Ailton Magioli
EM Cultura

Emmanuel Pinheiro/EM

A mostra de Gringo Cardia fica na Galeria Guignard até 6 de abril e depois vai para Porto Alegre

As gavetas na primeira das 10 salas que compõem a mostra que será inaugurada amanhã, na Galeria Guignard, do Palácio das Artes, são fundamentais para conhecer o artista Gringo Cardia. Gaúcho de nascimento e carioca do coração, não por acaso este viajante inveterado ganhou batismo apropriado para a profissão de designer gráfico com a qual vem se consagrando mundo afora. “A inspiração que as pessoas imaginam ser algo tão especial vem de coisas simples, às vezes até banais”, explica o artista, de 51 anos, que recebe o público apresentando agendas, planos de viagens e outros objetos particulares que revelam muito da sua criação no dia-a-dia.

“Em vez da porta, quero que as pessoas entrem pela minha cabeça”, avisa o multiartista, cuja primeira grande exposição itinerária – uma espécie de retrospectiva de mais de 30 anos de trabalho, apropriadamente intitulada Gringo Cardia de todas as tribos – ficará em cartaz na capital mineira até 6 de abril. De BH, a mostra seguirá para Porto Alegre e São Paulo. Segundo Gringo, a idéia do mega-evento, que estreou no Rio de Janeiro, foi das amigas Heloísa Buarque de Holanda e Eva Doris Rosental. A exposição vai ganhar versão ampliada em livro editado pela Jobim Music, de Ana Lontra Jobim.

SOBREVIVÊNCIA Filho de militar, graduado em arquitetura, o artista faz das viagens a principal fonte de pesquisa de sua arte. “Apesar de impossível, gostaria de conhecer o mundo inteiro”, confessa o aventureiro, que, em 1999, foi parar, sozinho, no Iêmen, na Península Arábica, depois da desistência de uma amiga, que preferiu ficar na Índia. Além da cenografia criada para teatro, shows, prêmios e desfiles, Gringo Cardia também passeia pelas artes gráficas, videoclipes e videografismos, arquitetura e fotografia. Como não poderia deixar de ser, ele também mostra sua mais recente incursão artística com a Spectaculu, escola que criou no cais do porto, do Rio, especialmente para atender jovens da periferia.

“O grande potencial visual brasileiro está na periferia, que é bombardeada de imagens”, acredita Gringo Cardia. O artista atribui o fato a uma espécie de resposta do público terceiro-mundista, que, impossibilitado de consumir tudo que o mundo lhe oferece, recria praticamente tudo que vê como forma de sobrevivência. “Os grandes curadores internacionais hoje vêem riqueza nesta espécie de autofagia tão característica dos brasileiros”, diz. “O funk, por exemplo, vive a mesma situação de marginalidade do samba, que acabou se tornando uma marca de nossa identidade.”

Além de salas dedicadas à parceria de 15 anos com a coreógrafa Débora Colker e à Intrépida Trupe, da qual foi um dos acrobatas fundadores, Gringo Cardia apresenta na exposição maquetes e desenhos de algumas das mais de 150 cenografias de shows e de 100 peças de teatro que criou; cartazes, programas de peças e de shows, capas de discos e videoclipes e videografismos. Em uma das salas está a criação de Greg Van Derlans, pseudônimo sob o qual se ocultou por muitos anos o fotógrafo (supostamente holandês) que clicou famosos como Ana Carolina e Elza Soares.

Em outras salas, além do trabalho na arquitetura propriamente dita, está a paixão pela periferia, que abraçou nos últimos anos. “O segredo é não ter preconceito estético”, avalia Gringo Cardia, que diz trabalhar com qualquer artista, desde que esse tenha alguma essência. “Somos os doutores da beleza”, se auto-intitula o designer, que, atualmente, além do disco-show de Maria Bethânia e Omara Portuondo, prepara a estréia de Cruel, da Cia. de Dança Débora Colker, no Brasil, e de Rota, no Japão, além da exposição Amazônia Brasil, em Nova York. Paralelamente, trabalha com o Cirque du Soleil, no Canadá, e na montagem do espetáculo Os ignorantes, com Pedro Cardoso, na Inglaterra.


GRINGO CARDIA DE TODAS AS TRIBOS
Galeria Guignard do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). De terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h; e domingo, das 16h às 21h. Entrada franca.
Informações: (31) 3236-7400. Até 6 de abril.

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