segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Semi-árido faz chamada pública para programa de cisternas

Semi-árido faz chamada pública para programa de cisternas

Somente aos 52 anos, Tereza de Santana, moradora de Quijingue, a 333 km de Salvador, não precisa mais andar quase três horas para conseguir poucos litros de água, carregados numa lata sobre a cabeça. Uma cena comum no semi-árido brasileiro. Através do Programa de Construção de Cisternas, fruto da parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), a nordestina teve acesso à água de qualidade.

Nesta terça-feira (13), Tereza de Santana e mais de 4 mil líderes de famílias beneficiadas pelo programa, provenientes de todos os Estados nordestinos, comemoraram, em Feira de Santana, Bahia, a construção de 221 mil cisternas em todo semi-árido, desde 2001. O evento também foi um pedido público pela renovação do apoio financeiro do governo federal ao programa de Formação e Mobilização Social para a convivência com o Semi-Árido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), assumido, em 2003, como componente fundamental da política nacional de segurança alimentar e nutricional. Com isso, a expectativa é beneficiar mais de 5 milhões de pessoas.

Esse projeto foi uma das coisas mais importantes que aconteceram nos últimos anos, no Brasil, devido ao método e solução integradora de uma condição antiga , disse o presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Renato Maluf. Ele ressaltou que este é um dos poucos casos em que iniciativa da sociedade civil vira programa público.

O P1MC tem uma representação forte na Bahia, o Estado que mais construiu cisternas em todo Nordeste - 40 mil, desde 2001. Essa manifestação expressa a necessidade de uma chamada política mais ampla, agora com a incorporação da água para a produção agrícola , informou Carlos Eduardo Leite, presidente do Consea da Bahia.

Política local - O governo da Bahia vem mudando o rumo das políticas oficiais destinadas à região semi-árida. Em lugar das velhas ações denominadas de combate à seca , estão sendo consolidadas e executadas políticas públicas para o fortalecimento da infra-estrutura hídrica e produtiva, em que alternativas são efetivadas para que as famílias da região convivam com a seca e se desenvolvam economicamente. Somente este ano, a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) construiu 3,9 mil cisternas. Através de convênio com o MDS e parceria com ASA e outras organizações, a Sedes pretende chegar em 2011 com 11 mil cisternas construídas e tendo beneficiado mais de 105 municípios baianos. É preciso cada vez mais a organização e intervenção da sociedade civil para concretizar as políticas públicas de que o povo realmente precisa , disse o secretário Valmir Assunção.

O coordenador da ASA na Bahia, Naidison Baptista, disse que a árdua batalha da sociedade civil organizada é por uma política de convivência com o semi-árido. Ele elogiou a iniciativa do governo do Estado em atender essa preocupação, através do Programa Água para Todos (PAT), lançado neste ano. Até 2011, o PAT visa instalar 100 mil cisternas de captação.

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