sábado, 14 de julho de 2007

O Escoteiro e o Rio Carinhanha

Diálogo do Escoteiro com o Rio Carinhanha

A Missão do Rio Carinhanha

Fiquei emocionado ao receber do educador e poeta Domingos Sávio, esse poema, que retrata um diálogo de um escoteiro caiomartiniano com o Rio Carinhanha.
Há 4 anos, guardo com muito carinho em meu arquivo pessoal esse poema. juntamente com outros que faram parte de uma obra que publicaremos sobre a
História de nossa cidade.
Fico muito feliz, em poder retratar a História e a origem de nossa gente, como escoteiro que fui e sou, não poderia deixar de brindar meus leitores com essa pérola Histórica, sedida gentilmente pelo professor Domingos Sávio, seria uma injustiça guardar esse poema para deliciar sozinho.

É função do Areté divulgar aquilo que move a alma e que faz pulsar o nosso coração.

Gildázio Santos

O ESCOTEIRO E O RIO CARINHANHA

Domingos Sávio dos Santos*

_ Onde vais tu ó Carinhanha tão formoso?
Espera um pouco , vamos ambos conversar;
Se vais cantando tão sereno e harmonioso,
Por que tens pressa? A quem desejas Alcançar?

_ Vou serpeando ansiadamente, vou ligeiro,
Busco um titã a quem desejo me juntar:
No seio indiômito do Nilo Brasileiro
Eu quero em breve as verdes águas misturar.

Quero ajudá-lo em sua faina benfazeja,
Movendo engenhos e fertilizando o chão,
Quero amparar a boa gente sertaneja,
Que no ostracismo tanto faz pela nação.

_ E de onde vens, ó grande rio marulhante,
Com essa mente de ideal impregnada?
Conta também o que tu viste de importante,
De mais notável no decurso da jornada.

_ De sob as palmas de gentis buritizeiros,
Há muito além, em longes plagas eu nasci,
E com o tributo de outros tantos companheiros
Me fiz pujante como agora vês aqui.

Em meu trajeto vi em faina rude, dura,
Homens rasgando o seio à terra abençoada
E essa brindando em abundância, com fartura,
A cada gota de suor, cada enxadada.

Vi no percurso as mais bonitas paisagens:
Serras azuis e montes, vales e colinas,
Vi fofos ninhos a penderem das ramagens,
E borboletas, feras, pássaros, boninas.

Rasgando as selvas agitadas pelo vento
A se expandir num murmurejo encantador,
Olhando a tudo com prazer e encantamento,
Nada escapou ao meu olhar perscrutador.

E podes crer que em toda a minha ribanceira,
No decorrer dessa longuíssima viagem,
Nada encontrei como esta escola alvissareira
Que hoje contemplo com prazer à minha margem.

Pois onde outrora só se ouvia, em noites calmas,
Feros rugidos perpassando a solidão,
Ela se vota ao aprimoramento de almas
Servindo às causas mais sublimes da nação.

Em vez de bichos que me vinham procurar,
Vejo escoteiros aos albores da manhã,
E às tardes ouço, em vez do urro do jaguar,
O som vibrante e marcial do Rataplã.

Tudo isto é belo, e rogo a Deus, o grande obreiro,
Que guie o Núcleo – vele pelo seu destino,
E nunca o deixe desviar- e do roteiro
De dar amparo à criança e ao campesino.

Serve esta Escola como exemplo edificante
Do quanto podem corações idealistas,
Que se interessam pelo bem do semelhante,
Sem mesquinhez ou intenções materialistas.

E agora, adeus! Sê bem feliz, meu escoteiro!
Que vou seguindo do Brasil pelos confins,
A desejar- te: Sejas sempre um brasileiro
Que dignifique o ideal de Caio Martins.

* Um dos Bandeirantes que juntamente com Coronel Manoel José de Almeida, fundaram a Escola caiomartins que deu origem a comunidade e posteriormente cidade de Juvenília.

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